Boate Kiss: “Processo nulo desde antes do julgamento”, diz advogado
Jader Marques é responsável pela defesa de Elissandro Spohr, sócio da boate condenado a 22 anos e 6 meses de prisão
atualizado
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Jader Marques, advogado de Elissandro Spohr, sócio da Boate Kiss, criticou o julgamento que, após 10 dias de sessões no Foro Central de Porto Alegre, condenou os quatro réus a mais de 18 anos de reclusão. “Esse processo é nulo desde antes do julgamento”, disse em entrevista exclusiva ao Metrópoles.
Para o defensor, será necessário “voltar ao tribunal e julgar corretamente” o caso. O incêndio na casa noturna em Santa Maria deixou 242 mortos e mais de 600 feridos.
“Há nulidades gravíssimas na preparação desse julgamento, desde o sorteio dos jurados. Durante o julgamento, inúmeras situações levaram os jurados a essa decisão. Quando o magistrado vem a público, tira a sua máscara e faz a leitura solene daquela decisão, nós verificamos que, com chave de ouro, o processo é encerrado com mais uma nulidade, na própria sentença. Temos que voltar ao Tribunal do Júri e julgar corretamente esse caso”, afirmou (confira a partir de 16′).
A entrevista foi transmitida ao vivo nas redes do Metrópoles na tarde desta terça-feira (14/12).
Marques defendeu que não haveria motivos para determinar a prisão dos quatro réus. O ministro Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), acatou na tarde desta terça-feira (14/12) recurso do Ministério Público do Rio Grande do Sul e suspendeu o habeas corpus preventivo que havia beneficiado os réus condenados por homicídio e tentativa de homicídio com dolo eventual na tragédia da Boate Kiss.
Pressão popular
Para o advogado, a pressão popular teve peso nas condenações. “A transmissão dos 10 dias [de julgamento] deixou claro que havia quatro pessoas processadas, quando nós tínhamos [no caso] um promotor de Justiça, um prefeito com todos os fiscais da Prefeitura, o Corpo de Bombeiros e mais uma série de pessoas envolvidas, investigadas pela Polícia Civil, e que foram indiciadas. O que se viu foi uma denúncia apenas contra quatro pessoas por dolo eventual para levar essas pessoas a julgamento popular e buscar uma condenação indevida”, argumentou (12’51”).
Os quatro condenados são Elissandro Callegaro Spohr, o Kiko, 38 anos, sócio da boate, que foi condenado a 22 anos e seis meses de prisão; Mauro Lodeiro Hoffmann, 56 anos, também sócio da Boate Kiss; condenado a 19 anos e seis meses; Marcelo de Jesus dos Santos, 41 anos, integrante da banda Gurizada Fandangueira; e Luciano Augusto Bonilha Leão, 44 anos, produtor musical da banda; ambos condenados a 18 anos de reclusão.
Confira a entrevista completa: