Boate Kiss: advogada usa carta psicografada para defender vocalista
O julgamento entrou nesta quinta-feira (9/12) em seu nono dia. A fase agora é de apresentação das teses da defesa
atualizado
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A advogada Tatiana Borsa, que defende o músico Marcelo de Jesus dos Santos, responsável por ter acendido o artefato pirotécnico na Boate Kiss, se utilizou de uma carta que ela disse ter sido psicografada para tentar inocentar o vocalista da banda Gurizada Fandangueira.
Durante o julgamento da tragédia ocorrida em janeiro de 2013, nesta quinta-feira (9/12), ela apresentou um áudio que, de acordo com sua versão, reproduz a mensagem enviada por Guilherme Gonçalves, um dos 242 jovens mortos no incêndio.
Defesa de réus no júri da Boate Kiss apresenta suposta carta psicografada de uma das vítimas da tragédia.
No trecho escolhido, jovem diz que “responsáveis também têm famílias” e os isenta de responsabilidade.
Alguns familiares deixaram a sala durante o episódio. pic.twitter.com/UshgPNL1ba
— Metrópoles (@Metropoles) December 10, 2021
“Ao invés de gastar nosso pensamento procurando por culpados, vamos nos unir em oração”, diz o áudio com a leitura do que seria a carta apresentado ao júri popular.
O julgamento entrou nesta quinta em seu nono dia. A fase agora é de apresentação das teses da defesa.
“Procurem aceitar as determinações divinas. Eu também lamento tudo que ocorreu, mas só me resta me readaptar à realidade”, diria a mensagem.
Segundo Tatiana Borsa, a carta foi recebida pelo centro espírita Irmã Valquíria, localizado em Uberaba (MG), em 13 de junho de 2013, seis meses após a tragédia.
Tatiana foi a segunda a falar na parte destinada à exposição das teses de defesas. Antes, o tribunal ouviu Jader Marques, advogado de Elissandro Spohr, sócio da boate Kiss.
“A ficha ainda não caiu por completo, e o mês de janeiro ainda está vivo em minha memória. Estamos lutando tanto. Não está sendo fácil viver sem tantos afetos que deixamos”, diz o trecho exibido. “Até hoje estão procurando uma justificativa para a tragédia que me vitimou, que fez não só o Brasil chorar, como muitos pais.”
“Pai e mãe, estimaria vê-los longe de qualquer protesto. Os responsáveis também têm famílias e não tiveram qualquer intenção. Pensemos no fato como uma fatalidade”, diz o áudio.
“Mãe e pai, continuem a caminhar com a certeza de que não me perderam de maneira nenhuma. Ao invés de gastar nosso pensamento procurando por culpados, eu os convido a nos unir em oração.”
A tragédia
No dia 27 de janeiro de 2013, a Boate Kiss, casa noturna localizada na Rua dos Andradas, no centro da cidade de Santa Maria, recebeu centenas de jovens para uma comemoração. No palco, havia dois shows ao vivo.
O primeiro, de uma banda de rock. Depois, foi a vez da Gurizada Fandangueira, de sertanejo universitário. A casa estava lotada: entre 800 e mil pessoas. A boate tinha capacidade para 690 pessoas.
Segundo contou na época o guitarrista da banda, Rodrigo Lemos, o fogo começou depois que um sinalizador foi aceso. Ele disse que os colegas logo tentaram apagar o incêndio, mas o extintor não teria funcionado. Um dos componentes do grupo, o gaiteiro Danilo Jaques, morreu no local.