Blogueiro foragido e na lista da Interpol diz ter entrado no Brasil com R$ 300 mil
Blogueiro Oswaldo Eustáquio, asilado no Paraguai, negou ao Metrópoles a entrada com valor integral e que visitou o Brasil depois de março
atualizado
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O blogueiro Oswaldo Eustáquio, desde janeiro, tem um documento que autoriza sua permanência provisória no Paraguai. E, por isso, a Polícia Federal brasileira ainda não conseguiu cumprir a ordem de prisão assinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) que está em vigor desde março. Mas o militante de extrema-direita viria ao Brasil, mesmo com as restrições.
É o que ele mesmo afirmou ao site The Brazilian Report. Incluído na lista vermelha da Interpol, a Organização Internacional de Polícia Criminal, Eustáquio afirmou que vem sempre ao Brasil. E atravessa a fronteira com dinheiro em espécie, sem fazer qualquer tipo de declaração.
“Meu barbeiro está no Brasil. Visito regularmente minha família em Céu Azul [no Paraná] e já fui até aos jogos do Athletico Paranaense. Sempre como do lado brasileiro na fronteira”, afirmou Eustáquio na entrevista.
De acordo com o texto, o blogueiro chegou a sair de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, e atravessar a fronteira para Ponta Porã (MS) com cerca de R$ 300 mil em dinheiro, escondidos em uma pasta do laptop. E não teria declarado a quantia à Receita Federal.
Em entrevista ao Metrópoles, Eustáquio afirmou que movimentou os R$ 300 mil, mas não atravessou a fronteira com a quantia. “Eu ajudo cerca de 30 famílias por aqui. E o recurso tem origem em um seguro de vida do meu pai que faleceu em abril de 22, o subtenente Oswaldo Eustáquio”, explicou. A conta era vinculada com o nome da mãe dele, Florinda Gomes, já falecida, e dele mesmo. O jornalista acha que, por isso, a conta não foi bloqueada.
O banco tem um limite de saque de R$ 14 mil por dia e esse era o valor máximo que ele poderia transitar. “E que eu usava o recurso para as minhas despesas e ajudar a família que chegavam ao Paraguai. E trocava esse dinheiro na casa de câmbio para dólar ou Guarani, que é a moeda aqui. E, às vezes, uso a função débito do cartão, nos locais que aceitam na fronteira. É muito comum”, explicou.
Visitas ao Brasil
Oswaldo Eustáquio confirma que visitou o Brasil entre dezembro de 2022 e março deste ano, em cidades como Cascavel, Céu Azul e até sua casa em Curitiba. “Por diversas vezes, fui parado pela PRF na estrada, que consultou meus documentos e nunca teve problema”, garante.
“Claro que hoje sei do mandado, mas pela imprensa. Meus advogados nunca foram notificados e até hoje não tive acesso ao inquérito”, aponta. “Ou seja, quando ia ao Brasil de forma recorrente, sequer sabia que havia ordem de prisão. Soube formalmente em 17 de março, quando tentaram cumprir no Paraguai. Até então, desconhecia qualquer ordem de prisão”, diz.
Ele não demonstra preocupação em ser preso. “Não há possibilidade de eu ser preso. Tenho refúgio no Paraguai”, informa.
Bolsonarista na Interpol tem documento de refugiado no Paraguai
Blogueiro na lista da Interpol
O ministro Alexandre de Moraes já determinou que a Polícia Federal inclua Oswaldo Eustáquio Filho na lista vermelha da Interpol. No Brasil, o blogueiro é investigado por participar em atos antidemocráticos. Ele tem ordem de prisão decretada desde dezembro do ano passado, contas bloqueadas, está foragido e usou o nome da filha de 15 anos para arrecadar dinheiro.
Ao mesmo tempo, o jornalista de extrema-direita conta com um documento, válido por um ano, que comprova o pedido de status de refugiado, assinado pela Comissão Nacional para Apátridas e Refugiados (Conare) do Paraguai em 10 de janeiro.
A PF chegou a localizar Eustáquio em março deste ano, em Assunção, no Paraguai, mas não pôde prender o blogueiro. Ao ser abordado, ele apresentou o documento. Por isso, Moraes ordenou o bloqueio de automóveis, contas e cartões bancários e imóveis em nome de Eustáquio. O bloqueio bancário também atingiu a filha de 15 anos de Eustáquio depois que ele pediu doações na internet à conta da jovem.