Blogueiras golpistas deixam a cadeia e são recebidas com festa
Recepção no Rio teve champanhe, caipirinha, docinhos e salgados; as cinco são suspeitas de aplicar o “golpe do cartão de crédito”
atualizado
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Rio de Janeiro – Presas desde o último 7, as cinco blogueiras estelionatárias, presas acusadas de aplicar o “golpe do cartão de crédito”, foram soltas nesta quarta-feira (28/7), após decisão da Justiça do Rio de Janeiro, e comemoraram a liberdade com festa. Um post no Instagram mostra a recepção com champanhe, caipirinha, docinhos e salgados, em um espaço decorado com balões.
No vídeo, obtido pelo G1, é possível ouvir uma pessoa dizendo “Se você é minha amiga e for presa já sabe”. A legenda do post diz “lili cantou”, uma gíria para comemorar a saída da cadeia.
A decisão é do juiz Marcello Rubioli, da 1ª Vara Criminal Especializada, que considerou ilegais as prisões das blogueiras Anna Carolina de Sousa Santos, 32 anos; Yasmin Navarro, 25; Mariana Serrano de Oliveira, 27; Rayane Silva Sousa, 28; e Gabriela Silva Vieira, 20.
De acordo com a decisão, o magistrado determinou a soltura por não haver denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) após 20 dias de detenção.
“Se este [Ministério Público] não se pronunciar dentro do tríduo (prazo de aditamento), entender-se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo. As indiciadas estão presas há mais de vinte dias, ao que me leva a concluir a necessidade do relaxamento das suas prisões”, escreveu Rubioli na decisão.
Após a finalização do inquérito policial, houve impasse no MPRJ sobre a quem competia julgar o caso. Inicialmente, o caso ficou a cargo da 40ª Vara Criminal da Capital. Porém, o juízo declinou da competência em favor da 1ª Vara Criminal Especializada, sob a justificativa de que o crime de organização criminosa só poderia ser julgado por ela.
Golpe do cartão de crédito
Segundo as investigações, as acusadas do golpe obtinham de maneira ilegal os dados bancários das vítimas e ligavam para elas para informar supostas irregularidades.
Quando a vítima acreditava que o cartão teria sido fraudado, repassava senhas e dados pessoais. Em seguida, a quadrilha mandava um motoboy à casa da pessoa para pegar o suposto cartão fraudado. Com os dados da vítima, as acusadas do golpe faziam saques, transferências, empréstimos e compras.
Advogado de Anna Carolina, a principal blogueira do grupo, Renato Darlan diz que a investigação estava caminhando para um espetáculo midiático e que havia antecipação da pena de um processo que se quer foi oferecida denúncia.
Na avaliação dele, o magistrado que concedeu o relaxamento da prisão percebeu que as acusadas não deveriam pagar pela morosidade do Estado e aplicou a lei. “Agora vamos ter a oportunidade de defender a Anna Carolina e provar sua inocência”, disse.