Black Friday: veja como não cair em golpes nas compras on-line
Consumidor deve tomar cuidado para não cair em golpes e se endividar durante Black Friday
atualizado
Compartilhar notícia
Apesar de a Black Friday estar prevista para a última sexta-feira do mês de novembro (29/11), algumas lojas e pontos de comércio brasileiros já começaram a disponibilizar a temporada de ofertas. Porém, o que parece ser uma boa oportunidade para adquirir um produto desejado, ou até mesmo garantir os presentes de final de ano, pode se tornar um pesadelo. Estelionatos virtuais crescem até 13,6% durante essa promoção, aponta a edição de 2024 do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
A expectativa de movimento em vendas na data é de R$ 9,3 bilhões apenas no Brasil – um aumento de 9,1% em relação a 2023. Com tantas opções de compra, o consumidor fica exposto a diversas ofertas. Para os que têm tendência à impulsividade, esse é o cenário perfeito para se tornar um devedor.
Como não cair em golpes
De acordo com uma pesquisa feita pela companhia de combate à fraude ClearSale, no final de semana da Black Friday, em 2023, foram mais de 400 tentativas de fraude por hora, o que poderia ter gerado um prejuízo de aproximadamente R$ 8, 5 mil por minuto.
Ainda segundo o levantamento, no ano passado, os produtos que mais sofreram tentativas de fraude em compras via cartão de crédito foram o Playstation 5 de 1TB, o iPhone 14 de 128GB e o iPhone 13 de 128GB. Já em pagamentos via Pix, as categorias de vestuário, esporte e calçados lideraram as tentativas de golpe nesse modelo de pagamento: foram 54,7 mil, 52 mil e 50,3 mil ocorrências, respectivamente.
- Sites falsos: é comum que os golpistas criem sites falsos, com erros de ortografias, excesso de dígitos e letras duplicadas na URL. Antes de comprar, verifique possíveis erros e certifique-se de que está no site oficial da loja;
- Preços muito baixos: mesmo que a Black Friday seja uma época de descontos, algumas lojas vendem produtos a preços extremamente baixos, o que não é normal. Caso não tenha tido a chance de monitorar os valores com antecedência, sempre desconfie dessas promoções;
- Formas de pagamento: a melhor maneira de efetuar pagamento em lojas on-line é pelo cartão virtual. Não confie em sites que apresentam opções de pagamento limitadas, principalmente se ofertarem apenas pagamentos via boleto bancário e Pix
- Reputação da loja: antes de realizar compras, sempre verifique a avaliação da loja em plataformas de reclamação. Procurar por comentários positivos ou negativos nas redes sociais também é uma boa opção. Caso não existam avaliações ou outras formas de identificação, como por exemplo redes sociais da loja, é melhor não comprar nesse lugar.
Na Black Friday 2024, os consumidores ainda devem enfrentar mais um desafio: uso de Inteligência Artificial (IA) em golpes on-line. “Entre as tendências emergentes [entre os golpes] está o “Fake Ads”, que envolve a criação de anúncios fraudulentos usando IA. Fraudadores estão desenvolvendo deepfakes, que vão desde vídeos e áudios falsos de influenciadores e celebridades, para promover produtos inexistentes, espalhando links maliciosos”, explica Matheus Manssur, executivo da ClearSale.
Como não se endividar
Além de estar atento aos possíveis golpes, o consumidor deve tomar cuidado para não se endividar. Uma pesquisa realizada em 2023 pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) afirma que 25% dos consumidores costumam gastar mais do que podem na Black Friday. Desses, 25% possuem contas atrasadas e 70% estão com as contas em negativo.
- Parcelamentos: “Se há parcelamento, é preciso prestar atenção nos juros embutidos. As empresas são obrigadas a informar a taxa de juros ao consumidor. Pode acontecer também de algumas organizações já embutirem os juros no preço à vista, ganhando duplamente nas formas de pagamento”, alerta o professor de Gestão de Negócios da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), Roberto Falcão;
- Consumismo: Falcão afirma que o consumidor deve refletir se realmente precisa do produto que está interessado em comprar para não cair em jogos de marketing. “Será que preciso mesmo? Será uma vantagem para mim? Se você parar para pensar quanto tempo vai levar para consumir esses produtos e sobre a antecipação de gasto, talvez perceba que a economia não vale a pena. É uma ilusão.”
- Lojas físicas também oferecem armadilhas: Comprar compulsivamente é mais fácil em lojas físicas, explica o professor. Isso porque as crianças acabam tendo papel de influência forte nas decisões de compra. Outro vilão é o cartão de crédito, “porque o comprador não ‘vê’ essa dívida na hora de comprar e ainda pode parcelar”;
- Racionalize as finanças: O especialista orienta os “gastadores” a montar uma planilha para anotar os gastos, ou usar aplicativos para enxergar o quanto está gastando. “A principal dificuldade das pessoas com relação à educação financeira é que elas não sabem onde e como estão gastando. A maior parte do endividamento das pessoas não ocorre por ganharem pouco, mas por gastarem mal”, finaliza Roberto Falcão.
Black Friday
A Black Friday ocorre, tradicionalmente, em 29 de novembro, no dia seguinte ao feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos. É a data em que os lojistas fazem uma série de promoções para atrair consumidores. A Black Friday foi criada para marcar a abertura das compras de Natal.
O nome Black Friday foi escolhido para marcar as vendas com desconto realizadas tradicionalmente na quarta sexta-feira do mês de novembro. A data foi criada nos Estados Unidos e consolidou-se no fim do século 20.
No Brasil, a Black Friday, como estratégia de vendas, teve início em 2010, mas ganhou atenção nacional de lojistas por todo o país a partir de 2012. Por aqui, no entanto, a data é também marcada por críticas de “falsos descontos”. Em 2023, o evento, mesmo com um recuo nas vendas, teve faturamento, de quinta a domingo, de R$ 8,52 bilhões em todas as categorias de produtos.