“Bilionário do Tinder” era agressivo e escondia família, diz amigo
Rafael de Paula afirmava ser herdeiro de fazendeiros para circular na alta sociedade; ele é investigado pela Polícia Civil do Rio
atualizado
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São Paulo – “Agressivo”, “mal educado com funcionários” e de comportamento “explosivo”, ao mesmo tempo que inteligente e com muito bom gosto. É assim que uma pessoa que conviveu com Rafael Correa de Paula, empresário de 33 anos, se refere ao colega.
Rafael afirmava ser herdeiro de fazendeiros do município de Frutal, no interior de Minas Gerais, para circular na alta sociedade do eixo Rio-São Paulo, e agora é investigado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. Ele é suspeito por crimes de ameaça, difamação, stalking e estelionato. O caso foi revelado pelo Metrópoles.
Segundo a fonte, que não quis ter sua identidade divulgada, Rafael dizia a todos que trabalhava com agronegócios e possuía fazendas. Ganhava, assim, a confiança de pessoas influentes. Entretanto, com o passar dos anos, alguns passaram a suspeitar de suas histórias, principalmente porque ninguém conhecia sua família. Relatos controversos também deixaram os colegas com um pé atrás.
“Ele sempre dizia que os pais moravam na fazenda, mas ninguém sabia quem eram e todo mundo achava muito estranho”, afirmou o amigo.
Rafael, de acordo com ele, era muito inteligente e tinha bom gosto, e costumava organizar as viagens de conhecidos, com a escolha de hospedagens e roteiros – com isso, conseguia acesso a dados de cartões de crédito de pessoas próximas.
Ao mesmo tempo, enfrentava dificuldade de manter as pessoas por perto por seu comportamento “explosivo e agressivo”. “Algumas atitudes dele a gente estranhava e até nos afastamos um pouco por conta disso, pelo fato de tratar as pessoas com desrespeito”, contou. Ele costumava tratar mal funcionários e arranjar confusões tanto dentro quanto fora do país.
O jeito cheio de “altos e baixos” de Rafael também tornava os relacionamentos amorosos difíceis, relatou a fonte. Os namoros se davam sempre com homens muito influentes, tanto de São Paulo quanto de outros estados, e duravam poucos meses. Os alvos eram sempre rapazes milionários e bilionários. Os términos se mostravam sempre traumáticos, com brigas e afastamento repentino.
“Nunca era tranquilo, todos eram as mesmas histórias. Ele é uma pessoa muito agressiva, de altos e baixos, terminava e tentava acabar com a pessoa. Ele criava vários fakes para tentar atacar os ex-namorados, perseguia”, fala.
O relato é parecido com uma entrevista à coluna Na Mira na última quinta-feira (24/2), na qual um servidor público do Rio de Janeiro, de 38 anos, revelou que conheceu o empresário pelo Tinder e ficaram juntos por quatro meses. Mas, com o término, passou a receber e-mails com ameaças e teve todos os cartões bloqueados. O total de compras estornadas chegou a R$ 83 mil, relativos a despesas com hospedagens e passagens aéreas.
O amigo conta que nunca foi prejudicado pessoalmente pelo golpista, e só ficou sabendo de suas mentiras com mais detalhes depois que as histórias começaram a circular na mídia nas últimas semanas. Entretanto, há anos notava inconsistências.
Além de ninguém saber quem de fato era sua família, Rafael mostrava comportamentos contraditórios: ao mesmo tempo em que ostentava com compras de grife e viagens luxuosas, costumava “contar as moedas na hora de dividir contas” e se mudava de casa o tempo todo em São Paulo. Quando decidiu comprar um apartamento, tratava-se de uma unidade simples.
Em determinado momento, pessoas próximas ao golpista tiveram acesso a uma ficha criminal que mostrava vários processos e boletins de ocorrência contra Rafael, relacionados a agressões e estelionato. Apesar de não saberem o que era ou não verdade, havia algum tempo que os amigos de Rafael se afastavam dele.
A reportagem não conseguiu contato com Rafael Correa.