Bienal não recolherá HQ com personagem gay após ordem de Crivella
Organizadores receberam uma notificação para embalar HQ Vingadores – A Cruzada das Crianças, que mostra beijo entre dois homens
atualizado
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A Bienal do Livro do Rio de Janeiro diz que é um direito do consumidor solicitar a troca de um produto que ele comprou e não gostou, como prevê o Código de Defesa do Consumidor. Essa foi a resposta dada, em comunicado, depois que o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, mandou recolher a HQ Vingadores – A Cruzada das Crianças, da Marvel Comics, com a justificativa de que é preciso proteger as crianças.
Lançada em 2010, Vingadores – A Cruzada das Crianças, que não é destinada ao público infantil, mostra os personagens Wiccano e Hulkling como namorados e um beijo entre os dois.
A Marvel não participa da Bienal do Livro do Rio com estande, mas as obras estão à venda em estandes de outros expositores.
“Pessoal, precisamos proteger as nossas crianças. Por isso, determinamos que os organizadores da Bienal recolhessem os livros com conteúdos impróprios para menores. Não é correto que elas tenham acesso precoce a assuntos que não estão de acordo com suas idades”, disse Crivella em vídeo publicado em seu perfil do Twitter.
Para o prefeito, “livros assim” precisam estar em um plástico preto, lacrado, avisando o conteúdo.
“A Bienal Internacional do Livro do Rio, consagrada como o maior evento literário do país, dá voz a todos os públicos, sem distinção, como uma democracia deve ser. Este é um festival plural, onde todos são bem-vindos e estão representados. Inclusive, no próximo fim de semana, a Bienal do Livro terá três painéis para debater a literatura Trans e LGBTQA+. A direção do festival entende que, caso um visitante adquira uma obra que não o agrade, ele tem todo o direito de solicitar a troca do produto, como prevê o Código de Defesa do Consumidor”. disse a Bienal do Livro em comunicado.
Nessa quinta-feira (05/09/2019), os organizadores da Bienal receberam Paulo Amendola, coronel reformado e atual secretário da Ordem Pública do Rio, e cerca de 15 policiais da Guarda Municipal, que deixaram a notificação. Eles não chegaram a entrar no Riocentro, mas disseram que voltariam nesta sexta-feira (06/09/2019) para ver se a orientação foi cumprida. Sem respaldo legal, a ordem não deve ser cumprida.