Beto Carrero: destino de Baby, elefanta famosa na TV, acaba na Justiça
Elefanta, de 32 anos, é um dos animais que restaram no antigo zoológico do Parque Beto Carrero. ONG briga na Justiça por destinação adequada
atualizado
Compartilhar notícia
A ONG Princípio Animal entrou com ação na Justiça para questionar o destino que será dado à elefanta Baby, última remanescente da espécie no zoológico Mundo Animal, espaço do parque Beto Carrero, em Santa Catarina, fechado em junho. Ela está com 32 anos e ficou famosa ao participar de apresentações na TV, como a do Criança Esperança, da TV Globo, de 1996.
A princípio, a elefanta seria levada para outro zoológico, em São Paulo, mas a ONG alegou, na ação, que esta não seria a destinação adequada, pois “viola os interesses de Baby em ter uma vida compatível com suas necessidades naturais”. A organização demandou, então, a suspensão da transferência e a concessão da guarda provisória do animal.
A ONG alega que, com a guarda concedida, poderia fazer o transporte adequado da elefanta para o Santuário de Elefantes Brasil (SEB), que fica no município de Chapada dos Guimarães (MT), a 67 km de Cuiabá.
O espaço, conhecido por acolher elefantes e reabilitá-los em ambientes que se assemelham ao habitat se mostrou disposto e com vaga disponível para receber Baby.
Justiça acatou pedido da ONG
Em 11 de outubro, a juíza da 2ª Vara da Comarca de Penha (SC) Elaine Veloso Marraschi atendeu, parcialmente, o pedido da ONG e deu prazo de 15 dias para que a organização apresente a documentação de compromisso por parte do Santuário, assim como a comprovação da existência de vaga e o informe sobre quais cuidados serão adotados no transporte e na acolhida da elefanta.
O mesmo prazo foi dado para que o parque Beto Carrero se manifeste no caso. Procurada pela reportagem do Metrópoles nessa terça-feira (15/10), a assessoria do grupo informou que “a empresa não recebeu qualquer citação. Tão logo estiver ciente, tomará as providências que entender cabíveis”.
Enquanto isso, a ONG Princípio Animal informou ter enviado os documentos solicitados pela juíza. Segundo a advogada da organização, Cícera de Fátima, os dados confirmam a disponibilidade de vaga, o compromisso do santuário em realizar o traslado com todos os cuidados técnicos, assim como a estrutura existente para atender as necessidades de Baby.
A ONG aguarda, agora, determinação judicial para fazer o transporte da elefanta. A juíza Elaine Veloso, no entanto, ainda não avaliou a documentação e aguarda a resposta do grupo Beto Carrero.
Elefanta famosa na TV
Baby ficou conhecida pelas apresentações circenses. Aos 3 anos e meio, no Criança Esperança de 1996, a elefanta demonstrou uma série de habilidades, enquanto atendia aos comandos de Beto Carrero. “Gostaria de trazer [aqui] um bebê, um bebê que tem 3 anos e meio, mas que já pesa 800 kg. Com vocês, Baby!”, anunciou ele, ao lado do comediante Renato Aragão, anfitrião do programa.
Ao longo de oito minutos de apresentação, a elefanta, extremamente adestrada, percorreu o palco, subiu em bancos, dançou, equilibrou-se sobre estruturas fixas e em movimento, levantou as patas frontais e traseiras, tocou instrumentos — como gaita e tambor —, deitou-se em um travesseiro e agradeceu o público ao fim da apresentação. Veja o vídeo completo aqui.
Baby é uma entre as dezenas de animais que restaram no antigo zoológico do Beto Carrero e que aguardam a destinação adequada. Em julho deste ano, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) instaurou notícia de fato para levantar dados sobre a condição e o destino das espécies remanescentes.
Após visita técnica em 2 de agosto, a promotora Daniela Carvalho Alencar concluiu que, apesar de estar fechado para visitação, o espaço manteve os animais nos mesmos recintos, com os devidos cuidados, alimentação e manutenção da rotina. Foi constatado que havia, ainda, no local, os seguintes animais:
– Elefante (Elephas maximus): um exemplar, a elefante Baby, de 32 anos, que vive sozinha após a morte da elefante Princess;
– Girafas (Giraffa camelopardalis): quatro exemplares — dois machos e duas fêmeas, com idades de 19, 12, 9 e 3 anos;
– Leões brancos (Panthera leo): dois exemplares — um macho e uma fêmea, no mesmo recinto;
– Tigres brancos (Panthera tigris): dois machos e duas fêmeas;
– Cisnes-de-pescoç-preto (Cygnus melancoryphus): 19 exemplares;
– Macacos-prego (Cebus apella): cinco fêmeas;
– Babuínos (Papio hamadryas): dois exemplares, uma fêmea, de 26 anos, e um macho, de 28;
– Maritacas (Pionus maximiliani): cinco exemplares;
– Flamingos (Phoenicopterus chilensis): 22 exemplares, que devem permanecer no parque.