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Bendine tinha “conta de propina”, afirma força-tarefa da Lava Jato

O ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras foi preso na semana passada, suspeito de recebimento de vantagens indevidas da Odebrecht

atualizado

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1 de 1 bendine1 - Foto: Divulgação/Agência Câmara

A força-tarefa da Operação Lava Jato diz que “há fortes indicativos” de que o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine tinha “conta-corrente de propina” com os operadores André Gustavo e Antônio Carlos Vieira da Silva, que são irmãos.

Uma parte do dinheiro, segundo o Ministério Público Federal (MPF), foi usado também para bancar hotéis para o ex-dirigente e a família. Bendine foi preso na semana passada, na Operação Cobra, 42ª fase da Lava Jato. Ele é suspeito de receber R$ 3 milhões em propina da Odebrecht.

A força-tarefa da Lava Jato encontrou no celular de Antônio Carlos registro do pagamento de despesas de hospedagem, em 11 de janeiro de 2016, em favor de Amanda Bendine, filha do ex-presidente da Petrobrás.

Os investigadores atribuem a André Gustavo e a Antônio Carlos, que são publicitários, o papel de “profissionais da lavagem de dinheiro”.

Para o juiz federal Sérgio Moro, “o fato é mais um elemento de ligação entre Aldemir Bendine com os dois irmãos e, eventualmente, pode representar o dispêndio em favor dele de parte da propina por eles recebida do Grupo Odebrecht”.

“A investigação se aprofundou ainda nos elementos indiciários de que Antônio Carlos arcaria com hospedagem em hotéis para Aldemir Bendine e familiares, a partir de anotação em seu celular, datada de 11 de janeiro de 2016 ‘Reserva Amanda Bendine 2 bangalôs 1 apto duplo Fecha a nota e nós resolvemos'”, aponta a Lava Jato.

A Procuradoria da República informou a Moro que “em diligência efetuada junto a Circus Turismo, empresa não investigada e que voluntariamente colaborou com o fornecimento das provas, foi certificado que, de fato, Antônio Carlos utilizou recursos de origem criminosa para arcar com despesas de hotéis para a família Bendine em Nova Iorque, entre 22 de dezembro de 2015 e 4 de janeiro de 2016”.

“O pagamento teria ocorrido com pagamento à vista, em espécie, por parte de André Gustavo e para ocultar a origem e a natureza criminosa dos valores, não foram emitidas notas fiscais do serviço objeto da contratação em nome de Aldemir Bendine e familiares relacionados”, destaca a Procuradoria. “Na quebra telemática de Amanda Bendine, postulada em razão de tais fatos, foi identificada a reserva do referido hotel em Nova Iorque.”

Procuradas, as defesas dos citados não responderam à reportagem para comentar o assunto até a conclusão desta edição.

Inquérito
A defesa de Bendine pediu nesta sexta-feira (4), ao juiz federal Sérgio Moro, abertura de inquérito para investigar a autoria de um e-mail enviado a Amanda Bendine, filha do executivo. A mensagem foi recebida por ela, afirmam os advogados, na quarta-feira (2), e pedia depósito de R$ 700 mil para pagar uma decisão em habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF).

“Filha é o pai. um agente está me ajudando neste e-mail. estou bem avisa a sua mãe e a Andressa.Tenho um contato no RJ que tem uma conexão com o STF.. para garantir o habeas corpus domiciliar eu já tinha combinado o valor com eles.fale com a Silvana fazer um Ted para o banco do Brasil agência 1257-2 conta 3933-0 nome Alexandre Inácio, valor 700 mil reais quando for a hora falo com o Bottini… para pedir o habeas….amo vocês..”, diz a mensagem

Os advogados Pierpaolo Cruz Bottini e Cláudia Vara San Juan Araujo,que defendem Bendine, sugeriram a Moro que quebre o sigilo do remetente e também da conta corrente indicada para depósito, a fim de que possa ser identificada a sua titularidade

“Trata-se de e-mail recebido no final do dia de ontem por Amanda Bendine, filha do peticionário, na qual pessoa que se faz passar por Aldemir Bendine, hoje custodiado na carceragem da Superintendência Regional da Polícia Federal no Paraná, solicita a realização de depósito na ordem de R$ 700 mil, na conta de terceiro desconhecido para suposto pagamento de decisão em habeas corpus a ser impetrado perante o STF”, relatou a defesa a Moro.

Para os advogados, uma pessoa mal intencionada colheu “informações divulgadas pela mídia — tais como o nome dos familiares do peticionário e destes defensores — está se fazendo passar por Aldemir Bendine”.

“Seja para obter vantagens indevidas em prejuízo de seus familiares — que de forma desavisada poderiam ter realizado o depósito — seja para agravar sua situação nesses autos, já que, como é notório, Amanda Bendine também foi alvo de quebra de sigilo telemático, de forma a possibilitar a interceptação da mensagem eletrônica em questão pelas autoridades responsáveis pela persecução”, relataram os defensores.

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