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Battisti diz que ia à Bolívia para comprar “roupas de couro”

No carro, o italiano levava em torno de R$23 mil e um “objeto não classificado” que aparenta ser cocaína

atualizado

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1 de 1 battisti - Foto: ANSA

Em depoimento à Polícia Federal, o italiano Cesare Battisti, detido em Corumbá (MS), na fronteira entre Brasil e Bolívia, contou que tinha viajado apenas para “pescar” e comprar “roupas de couro” no país vizinho.

A informação está em um auto da PF divulgado pelo jornal “O Estado de S. Paulo”. Segundo o documento, Battisti viajava com dois amigos, Vanderlei Lima Silva e Paulo Neto Ferreira de Almeida e levava no carro US$ 5 mil e “algo em torno” de 1,8 mil e 2,2 mil euros, o que equivale a aproximadamente R$ 23 mil.

Como o limite para saída do país sem necessidade de declaração à Receita Federal é de R$ 10 mil, o italiano foi autuado por evasão de divisas. “O interrogado [Battisti] respondeu […] que veio para Corumbá juntamente com Vanderlei e Paulo para pescarem em Corumbá e fazer compras; que a ideia para a viagem partiu de Paulo, não do interrogado; que também pretendiam comprar roupas de couro na Bolívia”, diz o auto da PF.

Além disso, o italiano contou que Paulo o deixara junto com Vanderlei perto da fronteira, onde eles pegaram um táxi do país vizinho para ir ao “Shopping China”, um centro de compras boliviano. Battisti disse ainda que “não sabia da necessidade de declarar que iria sair com elevada quantia em dinheiro do Brasil”.

A Polícia Federal também encontrou no carro conduzido por Paulo um “recipiente contendo resíduos de substância que aparenta ser cocaína”, mas o italiano afirmou não ter conhecimento do objeto. Battisti disse que “não receia ser extraditado” e salientou que “está protegido judicialmente”. “Um decreto presidencial não pode ser revisto após cinco anos e a decisão do presidente Lula que lhe concedeu o visto permanente ocorreu há mais de cinco anos”, completou o italiano, segundo a PF.

Membro do grupo de extrema esquerda Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) na década de 1970, Battisti foi condenado à prisão perpétua na Itália por “terrorismo” e envolvimento em quatro assassinatos cometidos durante os “anos de chumbo”.

Alegando ser vítima de perseguição política, ele se mudou para a França, mas fugiu quando teve sua extradição autorizada. De lá, viajou para o México e, em seguida, ao Brasil, onde foi preso em 2007, no Rio de Janeiro. O STF também chegou a autorizar sua expulsão, mas Lula, no último dia de seu segundo mandato, deu permissão para Battisti ficar no país.

Após a posse de Michel Temer, no segundo semestre de 2016, o governo italiano, por meio de seu embaixador no Brasil, Antonio Bernardini, solicitou formalmente a reabertura do processo de extradição.

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