Barroso sobre voto impresso: “Ali estava o germe do golpe”
Presidente do STF, Luís Roberto Barroso disse que, se “a Justiça não reage, nas próximas eleições, quem perder poderia articular golpe”
atualizado
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O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, defendeu “enfrentar a tentativa de golpe”, em referência ao 8 de Janeiro, quando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília. Ele frisou que, se a Justiça não reage, nas próximas eleições, quem perder pode se sentir no direito de questionar o resultado da mesma forma. Além disso, pontuou que a proposta do voto impresso, apoiada pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL), era o “germe do golpe”.
“Se a Justiça não reage de maneira adequada, nas próximas eleições o grupo que perder vai achar que pode fazer a mesma coisa. Ou se nós não enfrentamos a tentativa de golpe, o próximo que perder também vai achar que pode articular um golpe. O direito tem esse papel dissuasório de novos comportamentos ilícitos”, disse Barroso em entrevista ao jornal O Globo publicada neste domingo (7/4).
Perguntado se vê indícios de que o ex-presidente comandou a trama golpista, o ministro se esquivou: “O processo ainda não chegou ao plenário do Supremo. Não tenho opinião sobre isso e, mesmo que tivesse, jamais a anteciparia”.
Voto impresso
Barroso citou como momento mais difícil enfrentado no governo Bolsonaro a votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) do voto impresso, em agosto de 2021.
“O pior momento foi o risco da volta do voto impresso, porque sempre achei que ali estava o germe do golpe, a volta ao modelo fraudulento de eleições para poder alegar que houve fraude. Achei que era uma batalha de quase vida ou morte pela democracia brasileira”, afirmou o magistrado.
E justificou: “Me empenhei muito para que não passasse a volta ao voto impresso. Não cometi ativismo legislativo, como eles disseram, porque eu fui ao Congresso convidado”. Bolsonaro acusou Barroso de ter pressionado deputados contra a proposta.
Sobre a Lava Jato, o ministro citou erros e acertos e disse que os investigadores tinham “certa obsessão” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que foi condenado e preso, mas solto após cerca de um ano e meio por mudança de entendimento do STF sobre prisões após condenação em segunda instância.