Barroso elogia delegada que apontou crimes de Bolsonaro: “Corajosa”
Luís Roberto Barroso fez balanço de sua gestão à frente do TSE, nesta quinta-feira (17/2). Ele deixa a presidência após 2 anos de atuação
atualizado
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Em uma fala emocionada, em prol da representatividade feminina e do fim do discurso de ódio nas eleições, o ministro Luís Roberto Barroso enalteceu, nesta quinta-feira (17/2), o trabalho da delegada da Polícia Federal Denisse Dias Rosas Ribeiro. Ela apontou ter encontrado indícios de crime contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), em inquérito sobre a suposta invasão hacker ao TSE.
Durante o discurso de balanço após dois anos na presidência do TSE, Barroso falou sobre as tentativas de tumultuar o processo eleitoral e das investigações que tramitam acerca de notícias falsas no âmbito da Justiça Eleitoral. Nesse caso, Barroso elogiou Denisse Ribeiro: “Uma delegada corajosa e inteligente”.
A delegada considerou que Bolsonaro, em conjunto com o deputado bolsonarista Filipe Barros (PSL-PR), na condição de funcionários públicos, revelaram conteúdo de inquérito policial que deveria permanecer em segredo até o fim das diligências. No entanto, declarou que não pode indiciar ambos devido à prerrogativa de foro que têm.
Denisse Ribeiro afirmou ter encontrado indícios de que o presidente Jair Bolsonaro (PL) teve “atuação direta, voluntária e consciente” na prática do crime de violação de sigilo funcional.
Sobre o assunto, Barroso afirmou que o Brasil vive um período triste e que a delegada descreveu em seu relatório sobre a “identificação da atuação de uma estrutura que opera especialmente por meio de um autodenominado “gabinete do ódio”.
“Um grupo que produz conteúdos e/ou promove postagens em redes sociais atacando pessoas (alvos) previamente eleitas pelos integrantes da organização, difundindo-as por múltiplos canais de comunicação, em atuação consistente no amplo emprego de vários canais da rede mundial de computadores, especialmente as redes sociais”, disse.
Em sua despedida, Barroso ainda frisou: “Este é o Brasil de hoje, na descrição não de um líder de oposição, mas da Polícia Federal, em relatório elaborado por delegada corajosa e independente. Vivemos um momento triste em que se misturam o ódio, a mentira, as teorias conspiratórias, o anticientificismo, as limitações cognitivas e a baixa civilidade”, completou em seu discurso.
O ministro se despede da presidência do TSE com um balanço de sua gestão. No dia 22 de fevereiro, o ministro Edson Fachin toma posse como novo gestor da Corte Eleitoral.