Barroso acolhe pedido da PGR e manda soltar amigos de Temer
Eles foram presos durante a Operação Skala e os mandados venceriam na segunda (2/4). Objetivo foi cumprido, diz decisão
atualizado
Compartilhar notícia
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), acolheu pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e revogou neste sábado (31/3) as 13 prisões da Operação Skala, que levou à carceragem da Polícia Federal, entre outras pessoas, dois amigos do presidente Michel Temer (MDB): o advogado José Yunes e o coronel da reserva da PM João Batista Lima.
Como justificativa, a PGR destacou que o objetivo da operação já foi cumprido. Ou seja, as medidas de busca e apreensão e as detenções autorizadas pelo relator do inquérito foram todas realizadas – com exceção de três pessoas em viagem ao exterior. As prisões temporárias dos alvos da operação terminariam segunda-feira (2/4).
O magistrado concordou com os argumentos e autorizou a soltura de todos. Com relação aos três alvos que estão fora do país, a defesa entrou em contato com a PGR e se comprometeu a levar os clientes para prestarem depoimento à Polícia Federal tão logo eles chegarem de viagem, lembrou Barroso. O inquérito dos portos foi instaurado em setembro de 2017, a partir de revelações e provas colhidas em acordos de colaboração premiada.
Operação Skala
Além disso, o decreto ampliou de 50 para 70 anos o tempo das concessões portuárias. Entre as companhias beneficiadas, estaria a Rodrimar, que, atualmente, explora três áreas no Porto de Santos, em São Paulo, mantidas por liminares da Justiça. Antônio Celso Grecco, dono da Rodrimar, e Wagner Rossi, ex-ministro da Agricultura e ex-presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo, também estão na mira da Skala.
Ligado ao presidente desde quando o emedebista exerceu o cargo de secretário da Segurança Pública de São Paulo, nos anos 1980 e 1990, o coronel Lima teria recebido R$ 1 milhão da JBS, montante supostamente endereçado a Michel Temer.
O nome de Yunes aparece em pelo menos três delações. O operador financeiro Lúcio Funaro disse que entregou dinheiro vivo oriundo da Odebrecht para o advogado. A quantia foi de R$ 1 milhão. Em depoimento no ano passado à Procuradoria-Geral da República (PGR), Yunes admitiu ter recebido o dinheiro. Mas afirmou desconhecer se tratar de propina.
Yunes deixou o governo após vir à tona delação do ex-executivo da companhia Cláudio Melo. Ele narrou, em depoimento, reunião ocorrida em 2014 em que Temer teria pedido dinheiro a Marcelo Odebrecht para o MDB. Dos R$ 10 milhões, R$ 6 milhões seriam para campanha de Paulo Skaf. E os outros R$ 4 milhões para o ministro Eliseu Padilha distribuir.
O amigo de Temer também foi citado na bombástica delação de Joesley Batista, da JBS. O empresário relatou em depoimento na Operação Patmos, desdobramento da Lava Jato, que o presidente teria tentado incluir o advogado José Yunes “para intermediar um acordo com uma empresa em disputa judicial em andamento contra o Grupo J&F”. Segundo o executivo, o negócio renderia cerca de R$ 50 milhões a Yunes.
O advogado José Luis Oliveira Lima, que defende Yunes, divulgou nota sobre a prisão do seu cliente. “É inaceitável a prisão de um advogado com mais de 50 anos de advocacia. Sempre que intimidado, ou mesmo espontaneamente, compareceu a todos os atos para colaborar. Essa prisão ilegal é uma violência contra José Yunes e a cidadania”, destacou.