Bandidos aproveitam facilidade e “sequestro do Pix” chega a GO
Estado já registrou pelo menos quatro casos de sequestros-relâmpago mediante pagamento via Pix neste início de ano; crime é mais comum em SP
atualizado
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Goiânia – Crime da moda em São Paulo, o chamado “sequestro relâmpago do Pix” ou simplesmente “sequestro do Pix” chegou a Goiás neste ano. Foram registrados pelo menos quatro casos em que os bandidos sequestram as vítimas e exigem transferências instantâneas para liberá-las. Foram três na capital e um em Anápolis.
O sequestro relâmpago não é um crime comum no estado do Centro-Oeste brasileiro, independentemente da forma como os bandidos fazem para roubar as vítimas.
Para se ter noção, em todo o ano de 2020 foram registradas seis ocorrências desse tipo, que é identificada na legislação como “extorsão mediante sequestro”. No ano passado foram nove casos.
Ou seja, o mês de março nem acabou e Goiás já teve mais da metade de casos de sequestro-relâmpago que todos os 12 meses de 2020. E quase metade em relação a 2021.
A novidade é que, a partir de 2022, os bandidos estão migrando para o modelo em que existem pagamentos usando Pix, tecnologia lançada em 2020 e que se popularizou a partir do ano passado, em plena pandemia. Esse tipo de sequestro relâmpago não tinha sido registrado no estado anteriormente.
Susto
Um dos últimos casos aconteceu na noite do último domingo (13/3) ao lado do condomínio de luxo Alphaville Flamboyant, em Goiânia. A vítima, uma mulher, estava dentro do carro no estacionamento de uma farmácia, quando foi rendida por dois homens armados.
“Os dois elementos renderam ela no veículo. Outros dois seguiram em um veículo atrás. Pediram para que ela colocasse a senha do aplicativo e efetuaram transferências no Pix, cerca de R$ 30 mil em média”, relatou ao Metrópoles o delegado Daniel Marcelino, do Grupo Antissequestro (GAS) da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic).
A extorsão dos bandidos foi realizada enquanto a vítima tinha uma arma de fogo apontada para ela e o carro seguia pela cidade, como se nada estivesse acontecendo.
Depois de conseguirem as transferências, os bandidos abandonaram a vítima e o automóvel no Jardim Novo Mundo, a cerca de 10 km de onde houve a abordagem.
Investigação
Equipes da Polícia Militar de Goiás (PMGO) fizeram buscas pelos bandidos ainda na noite do crime. Três foram presos e um morreu durante abordagem do Grupamento de Intervenção Rápida Ostensiva (Giro), formado por PMs em motocicletas.
Esse caso e os outros dois que aconteceram em Goiânia são investigados pela Deic. O delegado Daniel Marcelino disse que ainda não pode adiantar a investigação e dizer se os crimes foram cometidos pela mesma quadrilha.
No caso de Anápolis, um comerciante de 58 anos foi sequestrado na segunda-feira (14/3). A PM conseguiu localizar e prendeu os dois envolvidos no crime.
Orientações
Segundo o delegado Daniel Marcelino, os criminosos que praticam esse tipo de crime costumam ser reincidentes em roubo e adotaram essa nova tática. A maior parte das vítimas até agora é formada por mulheres.
Há uma preocupação das autoridades diante do risco de que esse tipo de ocorrência se torne mais comum no estado. Nesse sentido, a própria Polícia Civil orienta que as pessoas adotem precauções para que não venham a se tornar potenciais alvos das quadrilhas.
Daniel Marcelino, da Deic, orienta como prevenção que, se possível, as pessoas não deixem limites altos para transferências por Pix. Além disso, sugere que o cidadão deixe deixem pré-cadastro no banco, quando há contas específicas que recebem valores maiores rotineiramente.
Além disso, conforme o delegado, é fundamental que a vítima procure seu banco quando esse tipo de extorsão acontece, já que é possível recuperar o valor surrupiado.
Uma idosa de Goiânia conseguiu decisão judicial favorável para ser indenizada, no ano passado, depois de perder R$ 20 mil no chamado “Golpe do Pix”, outro tipo de crime relacionado à transferência instantânea, que chegou ao Brasil em novembro de 2020. O Banco Central até mudou regras para evitar crimes.