Bancadas querem barrar nomeação de pastor para órgão da Funai
Ricardo Lopes Dias foi nomeado novo coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato
atualizado
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Duas frentes parlamentares da Câmara e do Senado estudam tomar medidas jurídicas contra a nomeação do novo coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Fundação Nacional do Índio (CGIIRC/Funai), Ricardo Lopes Dias, publicada no Diário Oficial da União dessa quarta-feira (05/02/2020).
Juntas, as duas bancadas — a Ambientalista e a de Defesa dos Povos Indígenas — reúnem cerca de 250 deputados e 30 senadores e alegam que a nomeação representa “flagrante atentado aos direitos constitucionais dos povos indígenas, especialmente, dos povos isolados e de recente contato, que estão sob forte ataque do governo”, destaca nota divulgada nesta quinta-feira (06/02/2020).
“O Brasil é um estado laico e democrático. O governo não pode ter uma política pautada na imposição de uma religião específica, principalmente quando esta pode causar impactos irreversíveis à organização social, cultural e a vida dos povos indígenas”, frisa o documento.
Lopes Dias é teólogo e antropólogo. Ele trabalhou como missionário evangélico na Amazônia por uma década. Entre 1997 e 2007, atuou na Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB), organização com origem nos Estados Unidos que promove a evangelização de indígenas brasileiros desde os anos 1950.
A organização já foi associada a epidemias que dizimaram o povo Zo’é, contatado por missionários do grupo em 1982.
“É inadmissível que, mesmo após as manifestações contrárias de organizações indígenas, indigenistas, entidades sociais e demais instituições preocupadas com a nomeação de um missionário para o cargo, o governo efetiva a sua indicação. É grave a imposição do governo de tentar através do órgão indigenista brasileiro submeter aos povos indígenas isolados sua denominação religiosa colocando um missionário para cuidar de uma pasta tão importante e responsável como a Coordenação de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC)”, reforça a nota.