Avó que cuida de netos órfãos ganha vaquinha para reconstruir casa
Dona Rosa tem 65 anos e precisa de ajuda para reformar casa em que mora, no interior do Ceará. Vaquinha virtual foi feita para arrecadações
atualizado
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Em General Tibúrcio, distrito do município de Viçosa, no Ceará, vive Rosa Laura de Jesus, de 65 anos. Ela mora em uma casa prestes a desabar. O imóvel está praticamente condenado: possui apenas algumas paredes que restaram após fortes chuvas na região, está tomado por vegetação e escorado por toras de madeira.
A senhora, chamada de dona Rosa por amigos, cria os netos Divanilson, de 12 anos, e Davi, de 11, após o pai ser assassinado e a mãe decidir se mudar para Fortaleza e passar a guarda dos meninos para a avó.
Marcos, o pai das crianças, saiu de casa para trabalhar em outra cidade, dizendo que ajudaria a mãe. De acordo com Rosa, certo dia o filho se encontrou com amigos em um bar, acabou discutindo com um desconhecido e foi morto com golpes de taco de sinuca na cabeça.
“Aí eu comecei outra luta pra criar meus netos”, desabafa. “Meu filho viajou, voltou num caixão, eu sepultei, e só Deus sabe a dor que senti”, conta ela, emocionada.
Rosa explica que era Marcos quem a ajudava a reconstruir a casa (que antes era de taipa). No entanto, após sua morte, não teve mais condições de continuar com a obra. Em um vídeo, ela mostra como está a situação da casa.
Confira:
Como não há condições de permanecer no local, uma amiga lhe cedeu uma pequena casa temporariamente. No entanto, Rosa não tem condições nem mesmo de comprar sacos de cimento para iniciar a reconstrução da própria residência.
Para ajudá-la a erguer novamente a casa, foi criada uma vaquinha virtual com o objetivo de arrecadar R$ 40 mil. Qualquer valor pode ser doado aqui: https://sovaquinhaboa.com.br/casa-dona-rosa.
História de sofrimento
Dona Rosa foi criada pela avó paterna. Ela conta que foi entregue pela própria mãe com 2 meses, e nunca foi registrada oficialmente por ninguém. “Sempre vivi abandonada. Comecei a trabalhar na roça com 10 anos e não ia pra escola. Por isso não sei ler”, explica ela.
Quando completou 15 anos, sozinha, saiu da “roça” e foi pra Viçosa (CE). Lá, se registrou no cartório com a ajuda de dois desconhecidos que serviram de testemunhas.
“É uma história muito dolorosa, sabe. Mas hoje sou feliz com meus filhinhos”, diz ela. Anos depois, dona Rosa se “juntou” com um homem e teve cinco filhos. Quando ainda eram crianças, o companheiro abandonou Rosa e sumiu com tudo que era da família. Mais uma vez, ela se via sozinha e sem condições.
“Ruim mesmo foi quando meu marido me deixou. Eu não podia trabalhar, não tinha dinheiro. Foi muito sofrido”, desabafa a avó de Divanilson e Davi, com lágrimas nos olhos.
Ela afirma que “sempre foi uma guerreira” e que “é vitoriosa” por aguentar tantas situações de dor e criar os filhos trabalhando no campo. “Até um animal de estimação, quando você cria, você ama. E eu não fui criada nem como um animal. Mas o que eu tenho pra dizer é que eu sou feliz”, conclui.
Hoje, dona Rosa não tem aposentadoria e sobrevive apenas com a pequena pensão dos netos, bicos que o companheiro Francisco consegue como auxiliar de pedreiro e com o auxílio do Bolsa Família. Com a saúde muito delicada, ela é hipertensa, tem diabetes, osteoporose e dificuldades de locomoção.