Avião registrado no nome de João de Deus faz pouso forçado em Goiânia
Aeronave está com documentação vencida desde novembro de 2019. Episódio levanta suspeita de que ela estaria sendo utilizada, apesar disso
atualizado
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Goiânia – Uma aeronave que está no nome de João Teixeira de Faria, o João de Deus, teve um pouso forçado na manhã desta sexta-feira (9/4), no aeródromo de Goiânia.
O motivo teria sido um problema no trem de pouso do avião Seneca II, prefixo PT-RCC. Apenas o piloto estava na aeronave e saiu ileso, sem ferimentos. A aeronave pousou “de barriga” e chegou a deslizar pela pista.
A situação trouxe à tona a possibilidade de o avião estar sendo utilizado mesmo com o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) vencido.
Segundo os dados do portal da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o avião, que faz parte do patrimônio milionário acumulado por João de Deus, está com a documentação vencida desde 9 de novembro de 2019.
Silêncio
O Metrópoles procurou o advogado responsável pela defesa processual do ex-médium, Anderson Van Gualberto de Mendonça, mas ele informou que não teria nada a declarar sobre o assunto.
No aeródromo de Goiânia, a orientação dada aos funcionários foi para que nada fosse comentado a respeito. Segundo o registro, o avião tem ano de fabricação de 1980 e foi comprado por João de Deus em janeiro de 2006.
A aquisição dele foi descoberta após as investigações sobre as centenas de denúncias de abuso sexual cometidas pelo ex-médium, que atendia na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO).
A apuração levantou o patrimônio de João de Deus e descobriu não só o avião, mas fazendas, casas, carros, armas e até mala de dinheiro escondida no porão de sua residência, em Anápolis, a 55 Km de Goiânia.
Prisão domiciliar
No dia 30 de março deste ano, completou um ano que João Teixeira de Faria está em prisão domiciliar. Por questões de saúde e quadro de vulnerabilidade, em razão da pandemia, a Justiça acatou pedido da defesa apresentado no ano passado.
As regras da prisão domiciliar proíbem a saída dele de Anápolis, somente em situações com autorização judicial. Ele é monitorado por tornozeleira eletrônica e precisou entregar o passaporte à Justiça.
As primeiras denúncias de abusos cometidos por ele surgiram em dezembro de 2018. Mais de dois anos depois, o Ministério Público de Goiás (MPGO) ainda é procurado por vítimas, conforme mostrou o Metrópoles, recentemente.
Duas mulheres, uma de Minas Gerais e outra de São Paulo, entraram em contato com os promotores no final de março para registrarem denúncia contra ele.
João de Deus já foi condenado a mais de 62 anos de prisão, em três processos. Algumas denúncias ainda não foram oferecidas à Justiça. Só na Comarca de Abadiânia, existem, pelo menos, 10 ações em andamento, das quais ele é réu.
Veja as condenações de João de Deus:
1ª – Processo referente a posse ilegal de arma de fogo e posse de arma de uso restrito: 3 anos de reclusão (aguarda julgamento em segundo grau);
2ª – Processo referente a crime de violação sexual e estupro de vulnerável: 19 anos e 4 meses de reclusão (também em fase de recurso no Tribunal de Justiça de Goiás);
3ª – Processo referente a estupros cometidos contra cinco mulheres: 40 anos de reclusão (também em fase de recurso);