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Avança candidatura do Sítio Burle Marx a patrimônio da humanidade

Depois de receber a documentação referente a candidatura, aprovada, a inspeção é o próximo passo a ser vencido

atualizado

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Tânia Rêgo/Agência Brasil
BURLE MARX RIO
1 de 1 BURLE MARX RIO - Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Técnicos da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) virão ao Brasil, em setembro, inspecionar o Sítio Roberto Burle Marx, na zona oeste do Rio de Janeiro. O local, onde o paisagista trabalhou e morou, guarda uma coleção com mais de 3,5 mil espécies de plantas tropicais e teve a candidatura a patrimônio mundial confirmada. A informação é da embaixadora Maria Edileuza Fontenele Reis, delegada do Brasil na entidade.

Depois de receber a documentação referente a candidatura, aprovada, a inspeção é o próximo passo a ser vencido. No segundo semestre, especialistas do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos) estará na capital fluminense. Eles vão confirmar as informações apresentadas no dossiê de candidatura, de 602 páginas, elaborado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) e o plano de preservação para o sítio.

O resultado da análise só será conhecido em 2020, na 44º reunião do Comitê do Patrimônio, quando o bem será referendado ou não. A cada ano, os países podem concorrer com apenas um sítio a patrimônio mundial. Este ano, na reunião do Comitê do Patrimônio Mundial, em Baku, no Azerbaijão, prevista para o próximo mês de junho, o Brasil concorre com a cidade de Paraty, na costa sul fluminense, cuja candidatura foi confirmada ano passado. A sede do evento em 2020 não foi ainda anunciada.

Tombado em 2000 pelo patrimônio cultural brasileiro, o sítio Burle Marx abriga coleção botânica e paisagística de plantas tropicais de todo mundo, espalhadas em jardins e lagos da propriedade. O terreno inclui manguezal, área de restinga e de Mata Atlântica.

Com a possibilidade de se tornar um bem mundial, o sítio recebeu R$ 5,4 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para obras de modernização. Os recursos são usados para melhorar o atendimento ao público, incluindo a reforma do prédio administrativo, instalação de refeitório, vestiários, espaço para pesquisas e laboratórios. O Iphan quer disponibilizar também catálogo do acervo georreferenciado e informatizado.

Quando ficar pronto, o local contará ainda com material de apoio à visitação, incluindo audioguias, mapa tátil e reproduções de obras para manuseio – voltados a pessoas com deficiência.

A expectativa é que, aprovado pela Unesco, o Sítio Burle Marx entre de vez no mapa do turismo, disse o diretor de cooperação e fomento do Iphan, Marcelo Brito. “A gente acredita que [com o tombamento mundial] a visitação turística pode ser intensificada e contribuir para maior sustentabilidade do próprio sítio, tanto por pesquisadores, que, esperamos, ampliem o interesse na questão da botânica, da paisagem, da preservação do meio ambiente, quanto pelo público, tendo em vista o acervo botânico e culturais ali presentes”, disse. Hoje, o local, distante cerca de 50 quilômetros do centro do Rio, tem capacidade para receber 140 visitantes por dia. Alguns, em geral, estrangeiros, agendam visitas com meses de antecedência.

A entrada na lista de patrimônio da Unesco, esclarece a administradora, não inclui aporte de recursos da instituição no bem, mas é “o último degrau que um bem pode subir em termos de importância no mundo”. disse Cláudia Storino. “ Isso estabelece determinadas regras de preservação para o bem e para o seu entorno, uma área em que certos cuidados devem ser mantidos”.

Burle Marx ficou conhecido por desenvolver o conceito de jardim tropical moderno, uma mudança de paradigma no paisagismo mundial, de jardins românticos. Além do sítio que leva seu nome, onde viveu e trabalhou, são obras assinadas por ele, no Rio, o Aterro do Flamengo, os jardins do Museu de Arte Moderna (MAM), a Casa Roberto Marinho, onde hoje funciona museu de arte aberto ao público, e o Instituto Moreira Salles, todos na zona sul carioca.

O sítio fica aberto entre terça-feira e domingo, das 9h30 às 13h30. O ingresso custa R$ 10 a inteira. As visitas podem ser guiadas e incluem, além dos jardins, a Capela Santo Antônio da Bica, de 1681, a Casa Principal e a coleção de arte e de artesanato particular de Burle Marx. São mais de 3 mil peças. O endereço é Estrada Roberto Burle Marx, 2019, em Barra Guaratiba.

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