Áudios indicam desorientação do piloto do avião que caiu com Teori
A afirmação do Cenipa de que a gravação “não aponta qualquer anormalidade nos sistemas da aeronave” reforçou a hipótese
atualizado
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A análise preliminar dos áudios da cabine do avião que caiu no mar de Paraty (RJ), provocando a morte do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki e mais quatro pessoas, feita pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), indicou desorientação espacial do piloto Osmar Rodrigues por causa do mau tempo na região.
A afirmação do Cenipa de que a gravação “não aponta qualquer anormalidade nos sistemas da aeronave” reforçou a hipótese.
Os dados apontam, no entanto, que o tempo entre a fala do piloto sobre a espera que faria por causa da chuva e a nova tentativa de pouso que levou ao choque com o mar é muito curto, o que mostra que Rodrigues não esperou tempo suficiente para a melhora do tempo.
O desastre aéreo ocorreu no início da tarde da quinta-feira (19/1). O Cenipa afirmou que conseguiu extrair “com sucesso” todo o áudio do equipamento. O chip de memória do gravador de voz da cabine do bimotor ainda está sendo avaliado por uma equipe do laboratório de leitura e análise de dados de gravadores de voo (Labdata) do centro de investigação.
O piloto tentou pousar duas vezes. Na primeira investida, ele teria citado a expressão “setor Eco”, o que significa uma curva para o leste. Na segunda tentativa, o piloto teria comunicado que estava na “final”, um indicativo de que se preparava para pousar. Os áudios captaram, posteriormente, um barulho forte, que os investigadores suspeitam ser da colisão da asa com a água.
Sons
Segundo o chefe da Divisão de Operações, coronel Marcelo Moreno, o equipamento gravou os últimos 30 minutos de áudio do voo, o que inclui não só informações de voz, mas outros sons que serão importantes para a investigação. As gravações não registram sinais de pânico na aeronave.
No momento, os técnicos estão fazendo o tratamento do áudio. Depois dessa etapa, os dados serão analisados. “Nós analisamos sons diferentes, em que possamos identificar, hipoteticamente falando, o ruído de um trem de pouso sendo baixado, a aplicação de algum grau de flap ou outro equipamento aerodinâmico da aeronave”, disse o coronel. A gravação de áudio também pode indicar um início de descida, por exemplo.
A memória possui quatro canais de áudio, sendo um do piloto, um do copiloto, um da área da cabine e o quarto do engenheiro de voo ou comissário. Os dados do chip foram baixados utilizando equipamentos e softwares do fabricante do gravador de voz.
O flexcable (cabo de conexão) que comunica os dados do chassi do gravador para a memória estava molhado. Portanto, houve a substituição por outro novo, minimizando a possibilidade de um curto-circuito ou a perda de dados, caso tivesse sido utilizado o cabo contaminado pela água salgada.
O acidente
O avião de matrícula PR-SOM saiu do Campo de Marte, na zona norte de São Paulo, com destino a Paraty, no litoral fluminense, na Quinta-feira passada. A aeronave levava o relator da Lava Jato no STF Teori Zavascki, o empresário Carlos Alberto Filgueiras, dono do Hotel Emiliano, a massoterapeuta Maira Lidiane Panas Helatczuk e a mãe dela, Maria Ilda Panas, além do piloto Osmar Rodrigues. Todos morreram.
O gravador da aeronave foi recuperado no resgate e chegou na manhã de sábado (21) ao laboratório do Cenipa em Brasília. O equipamento foi encontrado pelos mergulhadores da Marinha na tarde de sexta-feira (20).
Por estar submerso em água salgada, foi necessário realizar um procedimento de lavagem e conservação em água destilada para evitar corrosão e preservar os dados do gravador.