Áudio: Marcos do Val diz que Bolsonaro deu ordem para gravar Moraes
Em áudio divulgado na noite desta quinta, Marcos do Val entra novamente em contradição e diz que Bolsonaro participou de plano de golpe
atualizado
Compartilhar notícia
Em áudio divulgado nesta quinta-feira (2/2), Marcos do Val (Podemos-ES) entra novamente em contradição. Na gravação, o senador afirma ter ouvido diretamente de Jair Bolsonaro (PL) detalhes do plano para gravar clandestinamente o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Isso corrobora a primeira versão dada pelo parlamentar, mas vai na contramão da segunda.
O senador concedeu duas entrevistas à revista Veja e, em ambas as ocasiões, afirmou que Bolsonaro participou ativamente da discussão envolvendo a tentativa de golpe para anular a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na gravação, ele é questionado se o próprio Bolsonaro pediu para que a gravação ilegal fosse feita. “Disse, sim. Que o GSI ia me dar o equipamento para poder montar para gravar. Aí eu falei assim, quando eu falei que ‘mas não vai ser aceito’. ‘Não, o GSI já tá avisado’. Quer dizer, já tinha validado a fala comigo. ‘Eles vão te equipar, botar o equipamento de escuta, de gravação e a sua missão é marcar com o Alexandre e conduzir o assunto até a hora que ele falar que ele, que ele avançou, extrapolou a Constituição, alguma coisa nesse sentido.’ Aí ele falou ‘ó, eu derrubo, eu anulo a eleição, o Lula não toma posse, eu continuo na Presidência e prendo o Alexandre de Moraes por conta da fala dele, que ele teria’”, explica, em áudio.
Ouça:
Ouça o áudio em que Marcos do Val relata ordem direta de Bolsonaro para gravar Alexandre de Moraes.
📽 @VEJA pic.twitter.com/10Ubr7Ii09
— Lázaro Rosa 🇧🇷 (@lazarorosa25) February 2, 2023
As contradições de Marcos do Val
Em entrevista à revista Veja, concedida antes da posse da nova legislatura do Senado e Câmara dos Deputados, o senador afirmou ter ouvido diretamente do então presidente detalhes do plano para gravar Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Numa segunda versão, o parlamentar afirma que Bolsonaro teria ficado calado e que coube a Silveira repassar os detalhes o esquema.
Como mostrou um áudio publicado pela revista, Marcos do Val é perguntado se o próprio Bolsonaro pediu para que a gravação ilegal fosse feita.
“Disse, sim. Que o GSI ia me dar o equipamento para poder montar para gravar. Aí eu falei assim, quando eu falei que ‘mas não vai ser aceito’. ‘Não, o GSI já tá avisado’. Quer dizer, já tinha validado a fala comigo. ‘Eles vão te equipar, botar o equipamento de escuta, de gravação e a sua missão é marcar com o Alexandre e conduzir o assunto até a hora que ele falar que ele, que ele avançou, extrapolou a Constituição, alguma coisa nesse sentido.’ Aí ele falou ‘ó, eu derrubo, eu anulo a eleição, o Lula não toma posse, eu continuo na Presidência e prendo o Alexandre de Moraes por conta da fala dele, que ele teria’”, explicou na gravação.
Em live transmitida na madrugada de quinta, Marcos do Val revelou o caso. Na ocasião, ele disse ter ocorrido uma “tentativa de Bolsonaro” de “coagir para que eu pudesse dar um golpe de Estado junto a ele”.
Veja a cronologia da contradição:
- Entrevista à revista Veja (antes da posse de deputados e senadores eleitos, em 1°/2): Marcos do Val afirma que Bolsonaro teria participação direta no plano para gravar Alexandre de Moraes;
- Live realizada na madrugada de quinta-feira (2/2), após a posse de parlamentares: “Eu ficava p*to quando me chamavam de bolsonarista. Vocês me esperem, que vou soltar uma bomba. Sexta-feira vai sair na [revista] Veja a tentativa de Bolsonaro de me coagir para que eu pudesse dar um golpe de Estado junto a ele. Só para vocês terem ideia. E é lógico que eu denunciei”;
- Entrevista coletiva na manhã de quinta-feira (2/2): Marcos do Val entra em contradição e diz que o ex-presidente teria ficado calado durante toda a reunião. Nesta versão, o parlamentar responsabilizou Silveira pelo plano, e ainda garantiu que denunciou tudo ao ministro Alexandre de Moraes;
- Declaração após depoimento à PF, na noite de quinta-feira (2/2): Do Val mantém a versão anterior de que Bolsonaro ficou calado durante encontro em que Silveira teria detalhado plano para gravar Moraes.