metropoles.com

Audiência é marcada com agressor de vítima contra a vontade dela

Vítima de violência doméstica procurou ajuda da Defensoria Pública para não ficar frente a frente com ex-marido em Goiânia

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Paulo H. Carvalho/Agência Brasil
Imagem mostra mão espalmada com x em vermelho - Metrópoles
1 de 1 Imagem mostra mão espalmada com x em vermelho - Metrópoles - Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasil

Vítima de violência doméstica em Goiânia, uma mulher de 45 anos disse ter ficado constrangida após decisão judicial que queria obrigá-la a ficar frente a frente com o ex-marido agressor, em audiência de conciliação virtual. Ela disse antes que não tinha interesse em qualquer tipo de contato com o acusado.

“Não queria ter contato nenhum com meu ex-marido”, afirmou ela, que trabalha coimo encarregada de produção em Goiânia. A mulher só conseguiu reverter a situação, para não ver o marido novamente, depois de a Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO) intervir no caso.

Casada por 26 anos, a encarregada de produção viu seu relacionamento desmoronar há cerca de cinco anos. “Ele começou a beber muito e ficar violento. Eu não tinha mais um companheiro e ele não queria mais trabalhar. Para mim, não dava mais”, contou.

Ela disse que passou por vários episódios agressivos durante o relacionamento com seu ex-marido. Em um deles, conforme acrescentou, o ex-marido tentou colocar fogo na casa em que eles moraram juntos.

Para se libertar do ciclo de violência no relacionamento, a encarregada de produção conseguiu uma medida protetiva e iniciou o processo de divórcio com assistência da Defensoria Pública.

No meio do processo, porém, a Justiça determinou que a mulher comparecesse a uma audiência de conciliação virtual com o ex-marido. Ela contou que, ao receber a notificação judicial, ficou bastante preocupada.

Intervenção do defensor público

O defensor público Bruno Malta Borges, titular da 5ª Defensoria Pública de Família e Sucessões de Goiânia, interpôs recurso contra a decisão, argumentando que a mulher era vítima de violência doméstica e havia deixado claro que não tinha interesse na realização da audiência.

O pedido da Defensoria Pública foi rapidamente acatado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. “Eu não queria ter contato nenhum com meu ex-marido. Graças a Deus deu tudo certo e eu estou muito feliz que tudo correu rapidamente”, comemorou Laura.

No requerimento, o defensor ressaltou que o casal não tem bens nem dívidas contraídas durante o casamento. Além disso, os dois têm apenas um filho, que já é adulto.

“Sabe-se que a lei processual civil, sobretudo nas ações de família, estimula a busca pela solução consensual dos conflitos. Entretanto, não se pode obrigar uma mulher vítima de violência doméstica a participar de uma audiência de conciliação ou de mediação contra a sua vontade, obrigando-a a reviver a experiência traumática da violência sofrida”, explicou o defensor público.

Borges ressaltou que a mediação pressupõe a isonomia entre as partes, o que, segundo ele, não era o caso da vítima de violência doméstica com o seu agressor. “A violência subverte essa igualdade, substituindo-a pelo temor, pelo medo, pela revitimização”, ressaltou.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?