Atos a favor do ex-presidente Lula põem Exército “em alerta”
Serviços de inteligência das Forças Armadas acompanham atividades de movimentos como o MST, Frente Brasil Popular e seus líderes
atualizado
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O líder do Movimento dos Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, anunciou na sexta-feira (5/1), por meio de um vídeo, que a Frente Brasil Popular pretende realizar atos em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o julgamento do petista pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), no dia 24/1, em Porto Alegre (RS). O tom da mensagem de Stédile “acendeu a luz de alerta” dos serviços de inteligência das Forças Armadas.
As instituições acompanham as atividades de movimentos como o MST e de seus líderes, como Stédile, “dentro da agenda de trabalho de rotina em todo o País”, conforme disse nessa sexta-feira (5/1) um oficial da área de inteligência. O alto comando das Forças recebe regularmente relatórios sobre ações dos grupos mais ativos.
Na convocação feita nessa sexta-feira (5/1) no vídeo, Stédile também afirmou que o MST e outros 87 grupos e partidos que integram a Frente Brasil Popular preparam, a partir de março, uma série de mobilizações em defesa do ex-presidente que vai culminar em ato para 100 mil pessoas no Maracanã, em julho. A partir de então, segundo Stédile, os movimentos vão transformar a campanha eleitoral em uma “luta de classes”.Além de atos no TRF-4, no dia do julgamento que pode tornar Lula inelegível, Stédile anunciou manifestações diante de fóruns de cidades menores, “sobretudo da Justiça Federal nas capitais para demonstrar nossa indignação”. “Nosso foco não é apenas Porto Alegre”, disse João Paulo Rodrigues, companheiro de Stédile na coordenação nacional do MST.
O tom do discurso das organizações de esquerda tem endurecido nos últimos dois anos, desde que foi desencadeado o processo de impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff, avalia o militar, que, no entanto, não reconhece a existência de “um exército do MST”.
A preocupação é de que as manifestações possam evoluir para o confronto direto – e violento – com a polícia e, “pior, para a pressão além do limite sobre o Judiciário, sobre os magistrados principalmente”.
Outro motivo de apreensão é o choque entre organizações divergentes – como o Movimento Brasil Livre (MBL), apoiadores do deputado Jair Bolsonaro e os quadros do MST, no campo, ou do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), nas cidades. O MBL se mobiliza para protestos contra Lula no dia do julgamento.
No vídeo divulgado na sexta (5/1), Stédile diz que a ideia é realizar, a partir de março, etapas do processo que ele chamou de “congresso do povo” em todos os municípios brasileiros. Em seguida, as propostas seriam levadas a encontros estaduais. “E, finalmente, depois da Copa do Mundo, lá pelo fim de julho, faremos o congresso do povo nacional em pleno Maracanã para juntar 100 mil, 120 mil militantes”, disse Stédile.
Resposta
A partir do segundo semestre, conforme o líder sem-terra, o foco dos movimentos passa a ser “abraçar a candidatura de Lula que representa a simbologia da classe trabalhadora”. “Teremos um 2018 cheio de mobilizações, de muita disputa política em que a própria campanha eleitoral se transformará em uma verdadeira luta de classes”, disse Stédile.
De acordo com Rodrigues, as mobilizações devem sempre ter caráter pacífico. “Sempre procuramos minimizar qualquer tipo de conflito, até porque quem paga é o trabalhador”, afirmou. O objetivo, segundo ele, é dar uma “resposta política” ao avanço da direita. “Há uma radicalização por parte de vários setores, inclusive entre os militares. Se a gente não resistir eles engolem o campo democrático”, disse.