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“Atiro sem dó”: quem era o piloto do PCC que Edson Raiado matou

Felipe Ramos Morais, piloto do da facção criminosa PCC, foi morto por Edson Raido com 12 tiros, em 2023

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1 de 1 Imagem colorida de Felipe Ramos Morais, o piloto do PCC - Metrópoles - Foto: GloboNews/Reprodução

Uma ação do tenente-coronel Edson Melo, mais conhecido como Edson Raiado, da Polícia Militar de Goiás (PMGO), terminou com a morte de um verdadeiro arquivo vivo do Primeiro Comando da Capital (PCC), o piloto Felipe Ramos Morais, de 36 anos, em 2023.

Edson ficou conhecido por ser o policial que teria matado o bandido Lázaro Barbosa, em junho de 2021, no Entorno do DF, após 20 dias de perseguição. Ele era o comandante de Operações de Divisas, quando policiais integrantes do grupo gravaram um vídeo defendendo a execução de testemunhas, conforme mostrou o Metrópoles na semana passada. No vídeo, os policiais cantam uma música, em que uma das partes diz: “Atiro sem dó”.

Já Felipe Ramos Morais teve uma trajetória marcada por uma combinação de paixão pela aviação, escolhas questionáveis e envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

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Piloto Felipe fez delação premiada que ajudou a polícia a investigar o PCC
Tenente-coronel Edson Raiado
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Piloto do PCC Felipe Ramos Morais

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Paixão por aviação

Nascido e criado na Zona Sul de São Paulo, Felipe cresceu nas proximidades do aeroporto de Congonhas. Desde cedo, era fascinado pela aviação. Ele passava horas contemplando o movimento dos aviões da janela de sua sala de aula no colégio católico Santos Anjos.

Em casa, alimentava essa paixão com uma coleção de aviões e helicópteros de brinquedo.

Filho mais velho de uma família de classe média alta, Felipe tinha um pai engenheiro e uma mãe advogada. Aos 13 anos, começou a frequentar o Campo de Marte, onde trabalhava nos hangares, consolidando seu amor pela aviação.

Apesar de um bom desempenho acadêmico, Felipe não conseguiu ingressar na Academia de Polícia Militar do Barro Branco. Mudou-se para Guarujá com seu pai, onde fez suas primeiras conexões com o PCC, segundo a Polícia Federal.

Em 2008, aos 22 anos, obteve sua habilitação para piloto de helicóptero. Com a herança do avô, comprou um Robinson R44 e iniciou uma empresa de táxi aéreo, que seria a fachada para o transporte de cocaína para o PCC.

Ascensão no mundo do crime

Com o tempo, Felipe se tornou um dos pilotos de confiança do PCC. Construiu um império avaliado em 19,5 milhões de reais, incluindo várias aeronaves, lanchas e automóveis.

Seu envolvimento com o tráfico de drogas foi descoberto em 2012, quando foi preso transportando 174 kg de cocaína. Apesar da condenação, passou pouco tempo na prisão e logo retomou suas atividades ilícitas.

Felipe foi indiciado várias vezes por tráfico e outros crimes, mas conseguiu evitar condenações, muitas vezes devido à falta de evidências diretas ou à sua habilidade em operar nas sombras.

“Voo da morte”

O “voo da morte” refere-se a um episódio envolvendo Felipe Ramos Morais, piloto associado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), que resultou na morte dos líderes da facção Rogério Jeremias de Simone, conhecido como Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, conhecido como Paca. O incidente ocorreu em fevereiro de 2018, no Ceará.

Gegê do Mangue e Paca eram líderes de alto escalão do PCC e estavam em liberdade condicional. Eles foram levados para uma emboscada em uma área rural do Ceará, a bordo de um helicóptero pilotado por Felipe Ramos Morais.

O plano foi orquestrado pela própria facção, que acusava Gegê de desviar dinheiro do grupo e de não cumprir promessas feitas à organização, incluindo a falha em resgatar Marcola, líder máximo do PCC, da prisão.

Felipe foi contratado para pilotar o helicóptero que levou Gegê e Paca para a emboscada. Eles foram assassinados a tiros após o pouso. Segundo investigações, o assassinato foi ordenado por Gilberto Aparecido dos Santos, conhecido como Fuminho, que era próximo a Marcola e havia percebido que Gegê não tinha interesse em cumprir suas promessas à facção.

Após o crime, Felipe se entregou à polícia e colaborou com as autoridades em um acordo de delação premiada. Ele negou ser membro do PCC, afirmando que foi contratado por um intermediário chamado “Cabelo Duro” e que não conhecia as vítimas nem sabia dos planos para o assassinato. Sua colaboração fez dele um alvo da facção, resultando em ameaças à sua vida.

A morte do piloto do PCC

Na manhã de 17 de fevereiro de 2023, o tenente-coronel Edson Raiado e o major Renyson Castanheira Silva invadiram uma fazenda pelos fundos, em uma área rural entre Abadia de Goiás e Goiânia, e mataram a tiros não só o piloto Felipe, mas também o gerente da empresa dele, Nathan Moreira Cavalcante, de 21 anos, e o mecânico de aeronaves, Paulo Ricardo Pereira Bueno, de 37.

Dos 15 tiros que mataram os três homens, 12 foram disparados por Edson Raiado. Segundo o processo, ele e o major Renyson alegam que foram recebidos a tiros e, por isso, atiraram de volta e mataram os criminosos. A Justiça aceitou a versão de legítima defesa enviada pelo Ministério Público de Goiás e arquivou o caso em agosto do ano passado.

Apesar de ter pedido o arquivamento, o MPGO indicou ressalvas e apontou que o local do suposto confronto sofreu alteração.

“Não houve robusta produção de provas aptas a sufragar a tese de legítima defesa”, escreveu o promotor Spiridon Anyfantis.

A dupla de policiais que matou os três homens diz, no processo, que chegou até essa chácara após uma denúncia anônima. Os PMs apresentaram cerca de 5 kg de cocaína e três armas que teriam sido apreendidas com os mortos. No local das mortes, que era usado para pintura e conserto de aeronaves, havia três helicópteros.

“Atiro sem dó”

O Metrópoles publicou matéria contando que policiais militares de grupo de elite em Goiás gravaram um vídeo durante um treinamento em que cantam uma música que faz apologia à execução de “bandidos” e incentiva a “caça” de testemunhas.

“Matar o bandido, acende uma vela, bota ele na mala, eu vou pra estrada velha. Eu tenho uma notícia e um corpo baleado. E a testemunha, aponta o caçador, eu quero a testemunha na sexta-feira à tarde. Eu tô de viatura, caçando esse covarde. Se eu pego, atiro sem dó nem compaixão. Minha emoção é zero, o verdadeiro inferno”, diz trecho da canção, cantada no estilo jogral.

Veja o vídeo:

O treinamento em questão é do Comando de Operações de Divisas (COD), batalhão especial da PM de Goiás envolvido em diversas polêmicas desde que passou a ser comandado pelo tenente-coronel Edson Melo, também conhecido como Edson Raiado. O vídeo é de maio de 2023, época em que ele era comandante.

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