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“Atiraram na base”: Bruno acusou pescadores de ataques na Amazônia

Denúncia gravada em áudio veio a público nessa terça-feira (14/6) e cita ataques a postos da Funai por pescadores e caçadores ilegais

atualizado

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Funai/Arquivo/Divulgação
Indigenista Bruno Araújo Pereira
1 de 1 Indigenista Bruno Araújo Pereira - Foto: Funai/Arquivo/Divulgação

O indigenista Bruno Pereira, desaparecido há 11 dias no Amazonas, denunciou, por áudio, pescadores ilegais suspeitos de ataques aos postos de fiscalização localizados na região do Vale do Javari, onde o jornalista Dom Phillips e ele foram vistos pela última vez em 5 de junho. Na gravação, Bruno cita reunião com autoridades e fala sobre uma organização criminosa no território.

O material é de maio e veio a público nessa terça-feira (14/6), em reportagem da TV Globo. O funcionário da Fundação Nacional do Índio (Funai) cita uma reunião que ocorreria em 3 de junho na Comunidade São Rafael, local onde a dupla esteve no dia em que desapareceu. O encontro tinha como objetivo conter o avanço da pesca ilegal na região.

“A gente está preparando uma reunião, uma articulação para a Câmara de Vereadores e a Prefeitura [de Atalaia do Norte] na Comunidade São Rafael. […] Os maiores e grandes invasores da terra indígena aí. Eles vão perder o manejo do pirarucu, que demorou 10 anos para eles tirarem”, disse Bruno, no áudio.

Na gravação, o indigenista cita ameaças às áreas de fiscalização da Funai no território indígena. Em dezembro de 2018, uma das bases de proteção da fundação, a Ituí-Itacoaí, chegou a ser alvejada por invasores. Segundo Bruno, pescadores ilegais são os responsáveis pela violência.

“São esses caras que estão atirando na equipe, esses caras que atiraram na base. Não só do São Rafael, [do] São Gabriel, os carinhas de Benjamin [Constant] e outros de Atalaia [do Norte]”.

A reunião prevista para ocorrer no dia 3 de junho não chegou a ser realizada. A Prefeitura de Atalaia do Norte afirmou que o prefeito Denis Paiva precisou voar para Manaus, por conta de um compromisso urgente. Dois dias depois, Bruno e Dom desapareceram.

O indigenista sofria ameaças por combater a exploração ilegal e a invasão de terras indígenas. No dia em que foram vistos pela última vez, a dupla tentou uma conversa com um líder comunitário conhecido como Churrasco, para falar sobre a Vigilância Indígena na região, mas ele não estava. A reunião tinha como objetivo tratar do trabalho conjunto entre os ribeirinhos e indígenas na vigilância do território.

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último contato com os dois profissionais ocorreu no domingo, 5 de junho
Polícia Federal, o Exército, a Marinha e a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas fazem as buscas
A Polícia Federal concentra os esforços em áreas próximas ao Rio Itaquaí.
O sumiço foi na reserva indígena Vale do Javari, no Amazonas.
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As buscas pelo jornalista inglês Dom Phillips e pelo indigenista Bruno Araújo Pereira entram no 11º dia

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último contato com os dois profissionais ocorreu no domingo, 5 de junho

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Polícia Federal, o Exército, a Marinha e a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas fazem as buscas

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A Polícia Federal concentra os esforços em áreas próximas ao Rio Itaquaí.

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O sumiço foi na reserva indígena Vale do Javari, no Amazonas.

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Ameaças

Esta não é a primeira vez que o indigenista Bruno relata ameaças que sofreu na região da Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas. Ele informou aos integrantes do Ministério Público Federal (MPF), em abril deste ano, que vinha sendo ameaçado por uma organização criminosa que atua com pesca e caça ilegais no território.

Nessa terça-feira (14/6), o Metrópoles revelou que durante a gestão do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), a Funai retirou armas de fogo que estavam em ao menos uma das bases de proteção do órgão na Terra Indígena (TI) Vale do Javari. A informação foi repassada por duas entidades locais, e confirmada por um servidor do órgão, que pediu para não ser identificado por medo de represálias.

A retirada das armas de fogo inviabilizou, segundo denúncia enviada ao Ministério Público Federal (MPF), serviços essenciais para a proteção dos grupos indígenas que vivem na TI.

Ainda na noite de terça, a Defensoria Pública da União (DPU) teve pedido acolhido pela Justiça Federal (14/6) para que a Funai providencie medidas de segurança pública a seus servidores e aos povos indígenas no Vale do Javari.

Prisão de suspeitos

A Polícia Federal no Amazonas prendeu, nesta terça-feira (14/6), um segundo suspeito de participar do desaparecimento do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo Pereira na última semana.

Oseney da Costa de Oliveira, 41 anos, é conhecido como Dos Santos na região do Vale do Javari. Ele foi interrogado na noite dessa terça-feira e seguirá para audiência de custódia na Justiça de Atalaia do Norte. As autoridades já prenderam preventivamente Amarildo da Costa de Oliveira, de 41 anos, o “Pelado”. Os dois seriam irmãos e teriam agido juntos.

Na última quinta-feira (9/6), o pescador Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como Peladofoi preso de forma provisória, por 30 dias.

Na ocasião, o irmão de Amarildo, Oseney, afirmou à agência internacional Associated Press que o suspeito teria sido torturado pela polícia para confessar a participação no caso. A família continua a dizer que Amarildo é inocente no caso.

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