“Aterrorizante”, diz diretora da ONG Me Too Brasil ameaçada de morte
Diretora do Me Too, que atua em casos de violência sexual, teve que mudar de cidade, carro e andar só com segurança após ser ameaçada
atualizado
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A diretora do Me Too Brasil, Luanda Pires, teve sua rotina alterada de forma drástica desde que recebeu um e-mail sobre uma ameaça de morte contra ela em novembro do ano passado. O Me Too é uma ONG que atua em casos de violência sexual contra mulheres.
Luanda passou a só sair de casa com um segurança particular. Além disso, teve que se mudar de cidade e trocar de carro. O nome da diretora, que também é advogada, foi inscrito no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos do Governo Federal.
“Mexeu com toda a minha rotina, tanto profissional quanto pessoal. É absurdo, é revoltante, é aterrorizante, inclusive, que as defensoras de mulheres, defensoras de vítimas de violência sexual, sejam atingidas pela mesma violência, pela mesma misoginia que acomete as vítimas que a gente já tem. Então, mexe sim com a questão emocional”, afirmou Luanda ao Metrópoles.
A diretora do Me Too, que também é co-fundadora da ONG, recebeu um e-mail em 8 de novembro de uma pessoa anônima dizendo que um dos acusados de um caso assistido pela organização estaria “querendo te matar e vendo meios para isso”.
Chip no carro
Depois do e-mail ameaçador, Luanda já passou a realizar procedimentos de segurança. No entanto, a situação não parou por aí. Em 29 de novembro, a diretora da ONG teve o carro invadido por um homem que instalou uma espécie de chip, possível localizador, colado debaixo do banco dela.
Luanda havia estacionado o carro e saído por alguns minutos para fazer compras. Quando voltou, foi alertada por uma pessoa que estava na rua, dizendo que o carro havia sido invadido por um homem, que estava acompanhado de outros dois.
O segurança de Luanda checou as câmeras de segurança e confirmou a situação. Ele também vasculhou o veículo da advogada e achou o possível localizador.
“Muito embora (as ameaças) sejam gravíssimas e nós tenhamos tomado todos os protocolos para garantir minha segurança, isso não recaiu ou impactou a atuação do Me Too Brasil ou a minha atuação. Eu continuo trabalhando da mesma forma, acolhendo as vítimas da mesma forma”, disse ainda Luanda.
O caso está sendo investigado pela Polícia Civil de São Paulo e detalhes sobre a identidade dos suspeitos não foram divulgados para não atrapalhar as investigações. Luanda também disse que está sendo assistida pela Comissão de Prerrogativas da OAB e pelo Instituto Marielle Franco.