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Atenção, ninguém morreu devido à vacina de Covid no Brasil até agora

Com o crescimento de casos e óbitos em decorrência da doença, notícias falsas voltaram a viralizar na internet

atualizado

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Gustavo Moreno/Especial Metrópoles
Vacina Covid - Saúde inclui professores no grupo prioritário da vacina contra a Covid
1 de 1 Vacina Covid - Saúde inclui professores no grupo prioritário da vacina contra a Covid - Foto: Gustavo Moreno/Especial Metrópoles

Em um momento no qual o governo federal parecia, finalmente, ter concordado que “as vacinas ajudam a combater a pandemia” e boatos contra imunizantes pareciam ter dado uma arrefecida (semana passada, desmentimos zero fake news sobre o assunto), o “jogo virou” (novamente).

O crescimento de casos e mortes por Covid-19 fez com que notícias falsas sobre a Covid-19 voltassem a viralizar na internet. Na última semana, desmentimos 16 notícias falsas sobre o assunto (na semana anterior, eram três). No meio dessa onda de desinformação, um tipo de boato chamou atenção: o da denúncia de mortes em massa causadas pela vacina.

Na terça-feira (2/3), a (des)informação de que a Anvisa havia “confirmado 34 mortes por Covid-19” por causa da vacina começou a pipocar em redes sociais. No mesmo dia, uma mensagem requentava e aumentava um boato já desmentido e “denunciava” 501 mortes de brasileiros pela vacina. No dia seguinte, mesmo com as duas mensagens desmentidas, foi dito que “26 pessoas morreram em 24h por causa da vacina”. Também desmentimos em vídeo:

Em todos os casos, os boatos usavam como fonte dois sistemas de livre notificação (que qualquer pessoa pode acessar e inserir dados) de efeitos colaterais de remédios e vacinas: o Vigimed (da Anvisa) e o Vaers (dos Estados Unidos). E aí está o problema: essas plataformas não devem ser utilizadas para criação de estatísticas sobre efeitos colaterais de remédios ou (como nos casos citados) de vacina.

Na página da plataforma Vigimed, há o seguinte aviso: “As informações incluídas no painel não podem ser utilizadas para determinar taxas ou probabilidades de ocorrência de um efeito adverso nem para comparar taxas entre medicamentos/vacinas diferentes”.

Na página da plataforma Vaers, há o seguinte aviso (traduzido): “VAERS não foi projetado para determinar se uma vacina causou um problema de saúde […]. O relato de um evento adverso ao VAERS não é documentação de que uma vacina causou o evento.”

Ou seja, foi ignorada a recomendação e conteúdos errados foram espalhados por aí. Depois que as mensagens se espalharam, a própria Anvisa veio a público e destacou, por meio de nota, que, “até o momento, não há nenhum caso de óbito conhecido que tenha relação estabelecida com o uso das vacinas para Covid-19 autorizadas no país”.

Além da “denúncia” com base em fontes que não devem ser utilizadas, outro tipo de boato falando em mortes pela vacina também tem circulado: o que relaciona a morte de pessoas à vacinação. Em estatística, isso é chamado correlação espúria.

Desde o início da campanha de vacinação contra Covid-19, circularam boatos nessa natureza (veja aqui, aqui, aqui e aqui). Nesta semana, circulou a informação de que a vacina da Pfizer fez as mortes por Covid-19 aumentarem em Israel.

Além de o dado ser falso, não foram levados em conta dois elementos: 1) a vacina só protege contra Covid-19 semana após a segunda dose. 2) O país (assim como outros) sofreu uma segunda onda de infecções no período em que a vacinação se iniciou. Os casos e mortes já foram controlados com, olha só, lockdown e a segunda dose da vacina.

Com isso, ficam duas dicas: 1) não tenha medo de se vacinar. Até o momento, ninguém morreu por ter tomado a vacina contra Covid-19 no Brasil. Caso isso venha a acontecer, você, com certeza, saberá por fontes confiáveis. 2) Fique alerta e não acredite em comentários bombásticos e enviesados sobre mortes por vacina.

Trends da semana

As palavras mais buscadas no Boatos.org nos últimos sete dias foram, em ordem decrescente, Novartis, Unimed, Cortella, Ivermectina, Boticário, Amazon, Vacina, Cloroquina, Hidroxicloroquina e Renner.

Os desmentidos mais lidos do Boatos.org nos últimos sete dias foram, em ordem decrescente, da promoção falsa de que O Boticário estaria dando máscaras grátis em um site no WhatsApp, sobre um alerta falso atribuído à Unimed de que teria um pico da pandemia entre 6 a 20 de abril de 2021, sobre o boato de que a Rússia teria feito uma autópsia e descoberto a “farsa” da Covid-19, de que 501 pessoas morreram por causa da vacina no Brasil e sobre a informação errada de que o Flamengo foi rebaixado em 1995.

No Twitter, a matéria com maior engajamento foi a que desmentia o teor da tatuagem da cantora Anitta. Um desmentido sobre as “34 mortes pela vacina confirmadas pela Anvisa” foi o conteúdo mais compartilhado da semana do Facebook. No Instagram, o conteúdo de maior engajamento foi o desmentido sobre uma carta negacionista que teria sido enviada a Bolsonaro.

O conteúdo mais visto da semana no Telegram foi o A Semana em Fakes da semana passada (sobre fake news relacionadas à Petrobras e os combustíveis) Por fim, no YouTube, o conteúdo mais visto da semana foi o que desmentia o boato sobre as máscaras do O Boticário.

Edgard Matsuki é editor do site Boatos.org, site que já desmentiu mais de 6 mil notícias falsas.

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