“Até que se prove o contrário”, filhos não têm culpa, diz Flordelis
Deputada federal diz, no Fantástico, que não se pode dizer com certeza que Flávio ou Lucas participaram do crime
atualizado
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Duas semanas depois da execução do pastor Anderson do Carmo, a deputada federal Flordelis (PSD-RJ), viúva do religioso, disse ao Fantástico, da TV Globo, neste domingo (30/06/2019), que não se pode culpar – ao menos ainda- dois de seus filhos pelo assassinato de Anderson. Lucas e Flávio, dois dos 55 filhos dela, têm envolvimento com o crime, segundo as investigações.
Flordelis recebeu a equipe da TV Globo na casa onde ocorreu o crime. Ao todo, 35 filhos estavam na residência na hora do assassinato. Mais de 20 prestaram depoimento. “Amo meus filhos. O que eu mais gosto é ser mãe”, disse ao comentar a convivência com eles.
Apesar de Lucas aparecer em imagens de câmera de segurança — ele não morava na residência— e de a arma do crime ter sido encontrada no quarto de Flávio, Flordelis saiu em defesa dos filhos. “A arma foi encontrada naquele ambiente, mas até que prove o contrário ninguém pode afirmar nem que foi o Flávio nem que foi o Lucas.”, afirmou à reportagem.
Questionada se acreditava na inocência ou na culpa dos filhos a deputada evitou se posicionar categoricamente: “Não, não acredito em nada.”
Ela deu detalhes da relação com os dois. “O Lucas era um menino fechado”, contou. Lucas já não morava com os pais. A visita ainda é um enigma. “Esse é um ponto de interrogação que eu tenho. Eu não sei”, disse a deputada.
Segundo Flordelis, a relação de Anderson com os filhos era boa. “A única coisa que meu marido tinha era com o Lucas. Coisa de pai. Não aceitava ele ter saído de casa e estar fazendo algumas coisas”, desconversou. Lucas já teve envolvimento com o tráfico.
“Saímos para namorar”
A deputada recontou os passos da madrugada de 16 de junho. “Saímos para namorar, curtimos bastante, passamos uma noite muito boa, incrível. Chegamos aqui, subimos a rua, ele deu o sinal para abrir o portão. Eu saí primeiro do carro. Entrei, subi as escadas e fui para o meu quarto”, lembra.
Anderson teria ficado no carro, mexendo na mochila. “Ele ficou. Na minha concepção ele iria entrar. Abria a porta, estava tudo escuro, olhei a cozinha. Depois, ouvi os tiros e me assustei. Ouvi quatro tiros seguidos e depois mais dois”, detalha. Apesar do relato de Flordelis, o laudo da Polícia Civil mostra mais de 30 perfurações em Anderson.
A deputada garante que o celular do marido não foi entregue a ela. “Não me entregaram. Se me entregaram, eu não lembro”, frisa. O aparelho, peça chave para a investigação, está desaparecido.
Ela ainda descarta qualquer tipo de traição ou relação extraconjugal que poderia motivar o crime. “De jeito nenhum. Falo isso com o maior orgulho da minha vida”, completa. Sobre “quem” gostaria de ver Anderson morto, a parlamentar titubeia. “Eis a pergunta. Não sei.”
As investigações
Logo após o assassinato, a polícia prendeu dois dos filhos do casal por suspeita na morte do pastor. Eles foram detidos ao deixar o cemitério onde o corpo foi enterrado. Até agora, porém, não se sabe a motivação do crime e se há outras pessoas envolvidas. A polícia não descarta nem mesmo a participação de Flordelis.
Desde o início das investigações, muitas informações surgiram e parecem arrastar o desfecho desse enredo. À polícia, Lucas dos Santos, um dos filhos presos, declarou que Flordelis e outras filhas teriam envolvimento no crime. Uma delas teria oferecido a ele R$ 8 mil para matar o pastor.
Um dos filhos biológicos do casal, Flávio dos Santos Rodrigues, de 38 anos, confessou que deu a ordem para os matadores executarem o pai.
Além disso, os investigadores buscam elementos que podem ajudar na elucidação do crime, como o celular do pastor. Um mototaxista informou em depoimento que levou uma das netas de Flordelis até uma praia, onde um celular teria sido arremessado por ela no mar.