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Associação dos Diplomatas Brasileiros cobra punição a Renato Viana

O servidor do Itamaraty tem histórico de agressão a mulheres e se envolveu em mais uma denúncia, divulgada nesta sexta-feira (23/3)

atualizado

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renato viana ávila
1 de 1 renato viana ávila - Foto: Reprodução

Após denúncias sobre agressões a mulheres envolvendo o servidor do Itamaraty Renato de Ávila Viana, a Associação dos Diplomatas Brasileiros (ADB Sindical) publicou nota de repúdio à violência.

“A entidade, criada há 30 anos e que representa cerca de 1.500 associados, reitera que, em diversas oportunidades, manifestou preocupação junto à alta esfera do Ministério das Relações Exteriores (MRE) e pediu medidas efetivas relacionadas ao caso”, diz o texto.

O grupo ressaltou que preza pelo “protagonismo na promoção da igualdade de direitos entre homens e mulheres, bem como no combate a toda e qualquer forma de violência.” Quem assina a nota é a presidente da entidade, Vitória Cleaver.

Nesta sexta-feira (23/3), o Metrópoles publicou reportagem na qual uma mãe acusa Renato de Ávila Viana de manter a filha dela em cárcere privado, em Brasília. Segundo a moradora da Asa Norte Jobeniva Melo, 60 anos, a mulher de 35 anos tem problemas psiquiátricos e estaria sofrendo abusos em uma relação com o diplomata.

Em depoimento na Delegacia da Mulher, ao qual a reportagem teve acesso, a namorada de Renato desmentiu a versão da mãe. A advogada de Renato de Ávila Viana, Dênia Érica Magalhães, se manifestou em nome do cliente. Ela nega as acusações.

“A mãe dela a persegue e quer interditá-la por questões patrimoniais. Ela bloqueou a mãe de todas as redes e não quer contato, sente-se exposta e lamenta essa situação”, alega.

Outros casos
O diplomata, entretanto, tem um histórico de agressões, conforme revelou o Metrópoles em dezembro do ano passado. Ele responde na Justiça por ter agredido uma namorada, em 2016 e 2017. Segundo laudo do IML, ele arrancou o dente dela com uma cabeçada.

Além disso, já respondeu a três processos administrativos disciplinares na Corregedoria do Serviço Exterior do MRE, após registros de ataques a duas mulheres em outros países e a mais duas no Brasil. Em território estrangeiro, Renato Viana desfrutou da imunidade diplomática: as autoridades locais não puderam investigá-lo, precisando recorrer ao Itamaraty.

Em 2002, o homem esteve envolvido em um processo disciplinar que investigou denúncia de agressão a uma terceira-secretária do Ministério das Relações Exteriores. A ação terminou arquivada com uma observação: o diplomata deveria controlar suas emoções e impulsos. No ano seguinte, Renato Viana foi parte em outro episódio de violência doméstica em que a vítima era uma namorada brasileira, de quem levou uma facada durante briga em seu apartamento.

Advertência
Outra sindicância, esta de 2006, apurou violência contra uma cidadã paraguaia. Junta médica avaliou Viana e concluiu que, do ponto de vista neurológico, ele estava apto para exercer suas funções. A punição foi apenas uma advertência.

“Evidenciou-se, ao exame psíquico, que o servidor apresenta traços de personalidade denotando certa instabilidade emocional, com forte investimento pessoal na área cognitiva, sem, contudo, configurar uma patologia psíquica. Desta forma, as reações emocionais reveladas pelo servidor não chegam a caracterizar, em termos psicopatológicos, alterações de comportamento significativas”, diz o laudo.

Em 2015, a Embaixada do Brasil em Caracas encaminhou ao MRE denúncia de uma venezuelana que alegava ter “sofrido ameaças, maltrato psicológico e tentativa de sequestro por parte de Renato de Ávila Viana”, como consta na sindicância à qual o Metrópoles teve acesso. A vítima enviou uma cópia da medida cautelar expedida contra o diplomata pela Divisão de Investigações e Proteção à Mulher da Venezuela.

A mesma investigação apurou comportamento agressivo do brasileiro em um evento no Instituto Cultural Brasil-Venezuela, quando ele agrediu verbalmente colegas e prestadores de serviços, durante uma festa após jogo do Brasil na Copa do Mundo de 2014.

O processo concluiu que não havia provas suficientes para puni-lo referente à agressão cometida contra a venezuelana. O servidor do Itamaraty ficou afastado das funções por 10 dias, pelo comportamento inadequado no evento diplomático.

O Ministério de Relações Exteriores não se pronunciou sobre as denúncias contra o diplomata.

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