Assessor da Saúde vai parar na UTI com Covid-19: “Não é uma gripezinha”
Com 33 anos, Gustavo Caldas viu pessoas jovens e idosas não resistirem aos sintomas agudos da Covid-19 e morrerem ao seu lado
atualizado
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O assessor do Ministério da Saúde Gustavo Caldas, de 33 anos, hoje comemora a volta para casa e para a convivência com a mulher e o filho. Para ele, é um renascimento, após ter sido internado com coronavírus.
Gustavo passou cinco dias internado, três deles na UTI de um hospital particular, em Brasília, respirando com ajuda mecânica, com metade de um pulmão comprometido pela doença.
“São as piores dores que tive na vida, longe de qualquer gripe que já tive”, disse ao Metrópoles.
“Não é gripe, nem gripezinha”, avaliou o assessor que acompanhou de perto toda a movimentação do Ministério da Saúde e a passagem de três ministros pela pasta desde o início da pandemia. Gustavo presenciou autoridades brasileiras, inclusive o presidente da República, Jair Bolsonaro, se referirem à doença que quase o matou como um “resfriadinho”, uma “gripezinha”.
Hoje ele afirma que além das dores da fase aguda, há ainda sequelas que o deixam cansado e com dores a cada esforço mínimo.
“É uma doença que detona o organismo. Meu pulmão não é mais o mesmo, tudo cansa demais. Qualquer esforço mínimo causa falta de ar e dor de cabeça”, disse o assessor, que nunca foi fumante e não tem comodidades citadas para os chamados grupos de risco.
Ele disse não saber onde e como ocorreu o seu contágio, se no trabalho ou se em outro ambiente. “Não tem como saber”, observou.
Com 33 anos, casado e com um filho ainda bebê, ele contou a tristeza de ver gente jovem morrendo ao seu lado. “No leito ao meu lado tinha um jovem de 29 anos, mais novo do que eu, lutador de artes marciais e sem nenhuma comorbidade. Ele não aguentou e faleceu. Tinha gente idosa e gente nova. Essa doença pode matar em qualquer faixa etária”, destacou.
Sem hidroxicloroquina
“Tive medo, no início, de não voltar à vida” disse o jornalista, que elogiou o trabalho realizado no hospital. “A equipe foi fantástica e, no primeiro dia de UTI, já fui melhorando com as medicações que ministravam. Foi um renascimento. Hoje vejo tudo com outros olhos”, disse o jornalista.
Gustavo contou que não fez uso da hidroxicloroquina, medicamento amplamente defendido pelo presidente para o controle da doença. “Nenhum médico me receitou ou mencionou hidroxicloroquina no hospital”, contou o jornalista, que deve voltar ao trabalho nesta segunda-feira (27/7).