Assédios e agressões eram comuns em clínica odontológica de luxo em SP
Procurada, a dentista afirmou que em 11 anos de consultório nunca houve notícia dos fatos narrados e que se trata de uma campanha de ódio
atualizado
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Uma cirurgiã dentista de uma clínica odontológica de luxo foi processada na Justiça do Trabalho por agressões e assédio moral e sexual. A acusada é Larissa Bressan, 35 anos, dona da Hiss Clinical, que funciona bairro do Itaim Bibi, em São Paulo.
Os relatos foram juntados pelo Fantástico, da Rede Globo, que escutou 11 ex-funcionários da empresa. As descrições se repetem: Larissa, ao menor sinal de problema ameaçava os funcionários e chegou, inclusive, a assediá-los sexualmente, com toques em partes íntimas.
“Ela pegou pra conhecer a equipe, estava todo mundo na sala conversando e uma menina se abaixou pra pegar uma coisa no seu armário pessoal, a Larissa veio por trás dela, pegou a cabeça da menina levou até a vagina dela e esfregou como se estivesse fazendo alguma coisa ali”, descreveu um homem, sobre o primeiro dia de trabalho na clínica.
Uma jovem que trabalhou por um ano e meio no consultório conta que a dentista abaixava as calças, mostrando as partes íntimas e fazias as pessoas cheirarem. Segundo a funcionária, os assédios aconteciam durante o expediente, “quando ela quisesse”.
“Ela levantava o vestido, a roupa, mostrava os peitos na presença de qualquer pessoa”, disse ainda um terceiro funcionário. Segundo um outro ex-funcionário, ela insistia para tocar no corpo dos subordinados.
“Sempre tinha uma pessoa próxima que escutava ela falando aquilo ‘Abaixa aí, deixa eu ver, deixa eu passar a mão aí?’, eu sempre negando, em pânico por ser minha chefe, sabe. Eu nunca imaginei que eu ia estar em uma situação dessas”, afirmou.
Segundo os ex-empregados, a cirurgiã-dentista ainda fazia “brincadeiras de grupo” como desculpas para assediar os trabalhadores. Ela estimulava os funcionários fazer o jogo conhecido como gato-mia, ela levava os subordinados para uma sala e precisava adivinhar quem era de olhos fechados, nessa dinâmica, ela “passaria a mão” no corpo dos trabalhadores.
Assédio moral
Alguns dos funcionários trabalharam por apenas um dia, outros por alguns meses e poucos deles por mais de um ano. Além do assédio, eram obrigados a participar de reuniões em que a dentista berrava e ameaçava. Em áudios gravados nessas reuniões, a Larissa ameaça até de morte os subordinados.
“Eu juro por Deus que se eu pudesse e tivesse a possibilidade eu te jogava do 12º andar. Juro por Deus”, afirmou a dentista. “Abre o consultório de vocês, são formados em que? Em nada, você não é formado em nada. Abre uma casinha de camelô na 25 […] Não tá feliz, vai embora”, humilhou Larissa, em outra gravação.
Alguns ex-funcionários contaram que chegaram a ser agredidos fisicamente, enquanto a dentista dava risada. Apesar de o anúncio de emprego prometer carteira assinada, quase sempre as relações de trabalho permaneciam informais. O perfil dos trabalhadores era parecido: jovens, no primeiro emprego, sem ensino superior e que dependiam do salário.
A Justiça do Trabalho já marcou as primeiras audiências entre Larissa e os empregados.
Procurada pela reportagem do Fantástico, Larissa Bressan afirmou que em 11 anos de consultório nunca houve notícia a respeito dos fatos narrados na reportagem nem qualquer reclamação formal e que em nenhum momento os funcionários a procuraram pra uma conversa. Disse ainda que os ataques à honra da dentista começaram após a demissão de um funcionário e que ela é alvo de uma campanha de discurso de ódio com o objetivo de prejudicar alguém que sempre levou muito a sério sua profissão.