Assédio: Assembleia de SP votará suspensão de Fernando Cury nesta 4ª
Mesa diretora agendou votação sem dar tempo para emendas de deputados que querem punição mais dura ao colega por quebra de decoro
atualizado
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São Paulo – O presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Carlão Pignatari (PSDB), agendou a votação em plenário da suspensão do mandato do deputado estadual Fernando Cury (Cidadania) para esta quarta-feira (31/3), em sessão virtual, às 10h.
A decisão de Pignatari ocorreu após reunião com o grupo de líderes dos partidos nesta segunda-feira (29/3). A movimentação ocorreu enquanto Isa Penna (PSol) estava afastada das atividades da Alesp por licença médica.
Fernando Cury é acusado de importunação sexual pela deputada Isa Penna (PSol). Ele foi flagrado pelas câmeras da Assembleia abraçando a parlamentar por trás, apalpando seu corpo na altura do seio, durante uma sessão plenária em dezembro de 2020.
Relembre as imgens:
Na Alesp, o comportamento do deputado lhe rendeu um projeto de resolução do Conselho de Ética da Casa que recomendou a suspensão de seu mandato por 119 dias por quebra de decoro parlamentar.
Com uma suspensão menor do que 120 dias, Cury não seria substituído por um suplente e poderia manter seu gabinete funcionando, com funcionários recebendo subsídio financeiros (apenas Cury não receberia o subsídio no período).
Férias remuneradas
Penna contesta a proposta de punição que considera “férias remuneradas” e quer propor emenda ao projeto de resolução do Conselho de Ética pedindo suspensão do mandato de Cury por um ano.
Com o agendamento para a próxima quarta, Pignatari cumpre promessa de tratar o processo com rapidez evitando que uma punição a Cury caduque e dando uma resposta à opinião pública mobilizada pelo fato.
No entanto, o aceleramento do processo pode não deixar espaço para a discussão de propostas de pena mais duras, caso da emenda proposta por Isa Penna.
Nos bastidores, deputados próximos a Pignatari dizem que o presidente não aceitará emendas, até porque elas devem ser protocoladas até cinco dias antes da votação. Sem emendas, resta apenas a votação da punição de 119 dias em plenário por maioria simples —a Alesp é composta por 94 deputados.
Isa Penna afirma que havia pedido pessoalmente a Carlão para que a votação ficasse após o fim de uma licença médica, ainda em vigor, da deputada, o que não ocorreu.
“Eu falei pessoalmente com o Carlão sobre a minha licença médica e ele deu sua palavra de não pautar absolutamente nada. Acontece que ele mentiu, não cumpriu com o que disse e eu tive que retirar a minha licença. Eu tenho vivido na Alesp uma revitimização constante, está exaustivo. Minha equipe jurídica está vendo as providencias que irá tomar”, declarou Isa Penna em nota.
Além de Isa Penna, deputados trabalham para resgatar a punição recomendada pelo relator original do Conselho de Ética, deputado Emídio de Souza (PT), que era de suspensão de mandato de seis meses.
O deputado estadual Arthur do Val (Patriota) protocolou emendas por seis meses e por um ano de punição. Além do PSol, PT e do Val, também defendem punição mais severa para Fernando Cury, a bancada do Novo, Lecy Brandão (PCdoB), Marina Helou (Rede) e o ex-presidente da Alesp Barros Munhoz (PSB).