Assassino de Ângela Diniz, Doca Street morre aos 86 anos
Caso é um marco para o movimento feminista do Brasil: para justificar o crime, a defesa usou a “legítima defesa da honra” como argumento
atualizado
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Condenado pelo assassinato da socialite Ângela Diniz – com quatro tiros no rosto – ocorrido em 1976, Raul Fernando do Amaral Street morreu, aos 86 anos, nesta sexta-feira (18/12). Mais conhecido como Doca Street, o ex-playboy teria sofrido uma parada cardíaca. A informação é do jornal O Globo.
Doca Street largou esposa e filhos para morar com Ângela, que havia conhecido há quatro meses. O casal morou em Buzios, no Rio de Janeiro, e tinha histórico de brigas. Em uma das várias discussões, a vítima teria tentado terminar a relação com o condenado, que não aceitou e a assassinou brutalmente.
Em 1979, ele foi julgado e condenado a dois anos de prisão. No entanto, foi beneficiado pela Justiça através de mecanismo chamado sursis. A medida extinguiu a necessidade de que Doca cumprisse a pena. Na época, o país ainda não havia instituído o crime de feminicídio.
Muitas mulheres ficaram inconformadas com o tratamento dado à vítima durante o jullgamento, Ela teve a vida devassada pela defesa de Doca Street, que a definou como “promíscua”. A tese da “legítima defesa da honra” foi usada para justificar o crime.
O movimento em defesa da memória de Ângela e pela punição de Doca Street cunhou o slogan “quem ama não mata”.
Em 1981, por meio de novo pedido do Ministério Público, o assassino teve um novo julgamento, que, desta vez, resultou na condenação a 15 anos de reclusão. O caso é um dos marcos do movimento feminista no Brasil.