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Assassinato de Marielle contou com modus operandi sofisticado. Confira

Leia a decisão do juiz Gustavo Gomes Kalil, da 4ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, ao receber a denúncia contra Ronnie Lessa e Elcio Queiroz

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JOSE LUCENA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
POLÍCIA TOMA NOVOS DEPOIMENTOS SOBRE MORTE DE MARIELLE E MOTORISTA NESTA TERÇA-FEIRA.
1 de 1 POLÍCIA TOMA NOVOS DEPOIMENTOS SOBRE MORTE DE MARIELLE E MOTORISTA NESTA TERÇA-FEIRA. - Foto: JOSE LUCENA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

O juiz Gustavo Gomes Kalil, da 4ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, aceitou nesta segunda-feira (18/3) denúncia do Ministério Público e colocou no banco dos réus os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Elcio Vieira de Queiroz, suspeitos dos assassinatos da ex-vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes. Em decisão, o magistrado considera o modus operandi da dupla como “sofisticado” e pensado para “garantir a impunidade” no crime. As informações são do Estadão.

Em relatório, Kalil descreve que as investigações sobre Lessa começaram após a Divisão de Homicídios da Polícia Civil receber uma denúncia anônima informando que o policial reformado era o autor dos disparos contra Marielle. O crime teria sido encomendado por R$ 200 mil.

Confira a íntegra da decisão que coloca Lessa e Queiroz no banco dos réus:

Marielle Denúncia Relatório by on Scribd

O magistrado também relata informações apresentadas pelo Ministério Público nas quais constam pesquisas feitas por Lessa envolvendo políticos e partidos de esquerda. Os termos incluem “morte ao PSol”, “Marcelo Freixo”, “morte de Marcelo Freixo”, “Lula enforcado” e “Dilma Rousseff morta”. Há também pesquisas por “ditadura militar” e “Estado Islâmico”.

Em fevereiro de 2018, Lessa teria pesquisado sobre parlamentares que votaram contra a intervenção militar decretada pelo então presidente, Michel Temer (MDB), no Rio de Janeiro. À época, Marielle Franco era relatora da comissão instalada na Câmara de Vereadores para acompanhar a ação das Forças Armadas.

A partir disso, Lessa teria pesquisado sobre a vereadora e também mulheres negras “com o similar engajamento político”, incluindo “Kenia Maria” e “Iza Cantora”.

“De acordo com as autoridades de investigação, as pesquisas realizadas pelo acusado revelariam, pois, que ele, em tese, monitorava de perto a vítima Marielle”, afirma Kalil. “Além disso, segundo a autoridade policial e o MP, o acusado Ronnie, poucos meses antes do crime, teria realizado pesquisas online acerca de acessórios para submetralhadora HK MP, especialmente silenciadores, entre os dias 10/11/2017 e 26/02/2018”, diz o relatório.

Câmeras neutralizadas
Após o dia 14 de março de 2018, data do assassinato de Marielle, Lessa parou de buscar sobre a vereadora na internet. Durante as investigações, policiais descobriram que câmeras de segurança e sinais de GPS no local do crime foram neutralizados.

“O modus operandi, como informado pelo MP e indiciado nas investigações, revela sofisticação, devendo o Poder Judiciário agir com rigor a fim de garantir a ordem pública”, anotou Kalil. “O próprio planejamento do crime, conforme alegado pelas autoridades da persecução, revela que os acusados atuariam de forma a garantir a impunidade, neutralizando sinais de GPS, escondendo/destruindo elementos de convicção”.

Ao aceitar a denúncia, o magistrado destaca “ligações com suposta organização miliciana composta por policiais militares da ativa” para garantir a transferência de Lessa e Queiroz para unidade prisional federal de segurança máxima. O presídio deverá ser indicado pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen).

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