Às vésperas das eleições, PF foca em operações contra compra de voto
Todas as regiões do país tiveram operações ou prisões realizadas pela PF que envolvem compra de voto. Táticas dos criminosos variam
atualizado
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A Polícia Federal (PF) realizou uma série de operações de combate à compra de votos na última semana antes das eleições municipais. As táticas dos criminosos variam e passam por pagamento com gasolina, promessa de emprego e uso de dinheiro vivo.
Entre quarta-feira (2/10) e sexta-feira (4/10), todas as regiões do Brasil tiveram pelo menos uma prisão ou cumprimento de mandado de busca e apreensão realizados pela PF, em que o caso investigado tem relação com a compra de votos.
A Operação Sufrágio, realizada pela Polícia Federal de Minas Gerais, chama atenção pela quantidade de envolvidos. Segundo as investigações, os criminosos pagaram para que cerca de mil pessoas mudassem seus títulos de eleitores de Governador Valadares (MG) para Divino das Laranjeiras, entre dezembro de 2023 e maio de 2024.
Isso significou um incremento de 25% a mais de eleitores no pequeno município de Divino das Laranjeiras, que tem menos de 5 mil habitantes. Os nomes dos envolvidos não foram divulgados.
Muito dinheiro vivo
Uma situação que tem se repetido nas ações da PF contra crimes eleitorais é a prisão de candidatos e servidores com uma grande quantidade de dinheiro em espécie, usados para a compra de votos negociados presencialmente.
Na quinta-feira (3/10), um empresário foi preso com R$ 108 mil em espécie junto de santinhos, na cidade de Vitória do Xingu (PA) (foto em destaque). Um dia antes, na quarta-feira (2/10), a PF apreendeu em Duque de Caxias (RJ) um homem com impressionantes R$ 1,9 milhão em espécie que seria usado para corrupção eleitoral.
Na operação Mercato Clauso, deflagrada no Ceará, foram apreendidos R$ 600 mil em espécie nas cidades de Fortaleza, Canindé e Choró. Em Virmond, no Paraná, um candidato a cargo eletivo que não teve a identidade divulgada foi apreendido com valores em espécies, nomes de diversas pessoas em uma caderneta e material de campanha.
Gasolina e emprego
A Polícia Federal (PF) de Goiás deflagrou a Operação Pervertire no município de São Simão (GO). Os agentes da PF cumpriram sete mandados judiciais de busca e apreensão.
De acordo com as investigações, grupos políticos compravam combustível para serem doados aos eleitores em benefício de candidatos. Mais uma vez, os nomes dos investigados não foram revelados.
Em áudio que levou à deflagração da Operação Compra de Voto, na Bahia, uma servidora de Caraíbas (BA) oferece R$ 800 para um eleitor e ainda faz uma promessa de emprego no caso do candidato vencer. O valor seria pago em duas parcelas de R$ 400. Também havia a possibilidade de pagamento por gasolina e da passagem para o eleitor ir até a cidade votar.
A compra de votos é um crime previsto no Código Eleitoral, com pena de até 4 anos de reclusão e pagamento de multa. A PF tem realizado essas operações atendendo requisições da Justiça Eleitoral, mas também trabalhando em conjunto com o Centro Integrado de Comando e Controle Nacional.
Um total de 40 operações policiais de combate a crimes eleitorais já foram realizadas neste ano. Foram apreendidos mais de R$ 16,7 milhões em bens, sendo R$ 11 milhões em dinheiro em espécie. Mais de 6 mil policiais foram destacados para coibir crimes eleitorais. Drones também estão sendo utilizados.