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Artista questiona memória travesti por meio de outdoors em Fortaleza

Artista visual Sy Gomes escolheu os outdoors por serem “o que há de mais efêmero em termos de memória”

atualizado

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Muriel Cruz/Divulgação
Outdoor Fortaleza (1)
1 de 1 Outdoor Fortaleza (1) - Foto: Muriel Cruz/Divulgação

Outdoors com mensagens que fazem alusão à memória de travestis e transexuais do Ceará foram vistos em algumas das principais avenidas de Fortaleza nesta terça-feira (8/12).

A iniciativa faz parte da terceira fase de um projeto iniciado em setembro de 2019 pela historiadora e artista visual Sy Gomes. A ideia surgiu quando cursava a disciplina de performance do Instituto de Cultura e Arte da Universidade Federal do Ceará (ICA/UFC).

Chamado de Panfletário Sy, a iniciativa questiona a presença da memória travesti em Fortaleza. As informações são do G1.

“Os homens brancos têm sua memória representada por meio de nomes de ruas, praças, estátuas, e eu, travesti, não queria ser lembrada com bustos, estradas, nada que já tivesse sido utilizado pela memória monumental. Eu queria ser lembrada por aquilo que era mais efêmero e urbano. Aquilo que se esvaziava em poucos segundos, porque na minha cabeça a minha vida tinha essa efemeridade”, explica Sy Gomes.

A artista conta que os outdoors reforçam essa efemeridade a que travestis e transexuais estão expostas pela violência. “Na minha opinião, os outdoors são o que há de mais efêmero em termos de memória. As pessoas lembram que tem aquele outdoor, mas ele só serve ao mercado. Duas semanas depois eles são retirados dali. Isso que me impulsionou ao movimento”, afirma.

Mortes de travestis no Ceará

O Ceará registrou pelo menos 14 mortes de travestis ou transexuais somente em 2020. Seis delas mortas no intervalo de um mês, entre os dias 11 de julho e 10 de agosto. Esse número já é maior do que o registrado em todo o ano de 2019, quando a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) registrou 11 homicídios transgênero.

“São números que assustam, principalmente por ter sido em pouco tempo. Em uma semana, três casos. Foi um bombardeio de informação. A gente se sente com medo pela vida de todas nós”, destaca Yara Canta, ativista da Associação de Travestis do Ceará (Atrac).

 

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