Quem é Rodrigo Camacho, artesão de projéteis que ganhou Bolsonaro
O artesão faz monumentos com cartuchos de diversos tipos de armas. No repertório, a imagem do presidente e a logo do Aliança pelo Brasil
atualizado
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O sonho antigo de ser policial e proteger a população fez com que as obras do artesão Rodrigo Camacho, de 40 anos, se tornassem nacionalmente conhecidas. Ele é autor da placa de projéteis do Aliança pelo Brasil (APB) – entregue ao presidente Jair Bolsonaro (ainda sem partido) nessa quinta-feira (21/11/2019).
Ao Metrópoles, Camacho conta que trabalha com obras feitas de cartuchos há apenas 1 ano e 4 meses. Mas ele destaca que sempre foi artesão. Antes, fazia decoração para barbearias, pubs e outras lojas usando pallets de madeira.
Foi no ano passado que teve a ideia, e a colocou em prática, de usar os projéteis como matéria-prima. A obra que debutou o novo modelo foi uma caveira, encomendada a pedido do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) do Rio de Janeiro (RJ), cidade onde mora.
“A intenção é mostrar para a sociedade que a polícia, as Forças Armadas, treinam muito para defender a população. Aquilo [os projéteis] representa a quantidade de vezes que eles treinam para não errar. É uma profissão muito difícil. As obras servem também para enaltecer, como forma de agradecimento, por estarem na rua pela gente”, explica o artesão, em entrevista, nesta sexta-feira (22/11/2019).
A placa do novo partido, feita com projéteis de diversos calibres de armas de fogo, foi recomendada a pedido do deputado estadual de Manaus Delegado Pericles (PSL). Mas não foi o primeiro presente que Camacho dedicou ao presidente. Em dezembro do ano passado, ele presenteou Bolsonaro com um mapa do Brasil igualmente feito de balas e projéteis.
Além disso, ele fez outras esculturas para a Polícia Federal, mapas e até uma cópia do “trono de ferro” com projéteis (veja na galeria), objeto maior de desejo dos personagens da série Game of Thrones, concluída neste ano.
“Apolítico”
Camacho afirmou que jamais faria uma obra de arte para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), caso o petista o recomendasse. O artesão garante que o trabalho que faz não é político, mas artístico.
Perguntado se faria uma obra para o ex-presidente petista, ele nega. “Não sou político. Ai eu tenho minha escolha própria para fazer. Não concordo o que ele [Lula] fez. Eu faço para quem eu quero fazer. Nunca faria para o Lula”, afirma.
Flexibiliza, mas com ressalvas
Durante a entrevista, Camacho se posicionou a favor da flexibilização da posse e do porte de armas de fogo. A pauta é promessa de campanha do presidente Bolsonaro, que já emplacou diversas medidas – a maioria sem sucesso – para tentar cumprir o compromisso com os eleitores.
Para o artesão, contudo, é preciso que haja rigor na hora de flexibilizar. “Bem complicado você ter uma arma hoje em dia. Para o cara ter o porte de arma, ele tem que se garantir. Por isso a flexibilização tem que ter algo rigoroso”, afirma, ao destacar os perigos que as pessoas têm ao andarem armadas na rua, mesmo os policiais.
Camacho garante que não tem armas em casa, e diz que nem pretende ter algum dia. “Além de ser perigoso andar na rua armado, já pensou se em um trajeto eu pego um bandido, que me vê armado, e me dá um tiro? Eu sou artista plástico, não tem porque andar armado”, pontua.
Milícias
O artista também se posicionou contra a atuação das milícias. “Sou contra o tráfico de drogas, a bebida. Procuro ser sempre certo na minha vida. A milícia cobra taxas para a comunidade e são muito rigorosos também. Eu sou a favor da paz”, relata. Segundo ele, há um tempo bloqueou no WhatsApp um policial que foi acusado de estupro.
Perguntado pela reportagem sobre a possível ligação da família Bolsonaro com milicianos do Rio de Janeiro, Camacho garante que permanece contra a atuação da milícia. “Qualquer pessoa que for envolvida eu sou contra”, finalizou.