Cajus com veneno: livre, mulher inocente quer “descansar em paz”
Lucélia Maria Gonçalves, de 53 anos, disse: “Agora eu vou descansar em paz porque eu sempre falei a verdade, mas ninguém acreditava”
atualizado
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Lucélia Maria Gonçalves, de 53 anos, foi solta na noite dessa segunda-feira (13/1), após ficar quase cinco meses presa sob suspeita de envenenar duas crianças com cajus, na Parnaíba, Piauí.
Ao sair da Penitenciária Feminina de Teresina, Lucéia afirmou ser inocente das acusações e disse que irá aguardar o desenrolar das investigações na casa de familiares, pois teve sua casa incendiada devido às acusações.
“Agora eu vou descansar em paz porque eu sempre falei a verdade, mas ninguém acreditava. Só a minha família e meu advogado. Estou aliviada, graças a Deus”, afirmou Lucélia.
O Ministério Público pediu a liberdade provisória da aposentada, que foi acatada pela Justiça, depois de mais pessoas da mesma família morrerem envenenadas enquanto ela estava presa e da perícia feita no fruto, supostamente envenenado, voltar negativa.
- A vizinha, presa há 5 meses pelo envenenamento das crianças de 7 e 8 anos, que comeram cajus, foi solta.
- A investigação das mortes por envenenamento em agosto de 2024 foi reaberta e ligada às mortes de janeiro de 2025.
- Perícia indicou que os cajus não estavam envenenados com chumbinho.
- O padrasto se tornou o principal suspeito dos dois crimes, de agosto de 2024 e de janeiro de 2025.
- A relação entre os casos foi estabelecida pela Polícia Civil depois da informação de que o bebê de 1 ano e 8 meses que faleceu, após comer peixe doado à família e baião de dois, era irmão dos meninos de7 e 8 anos mortos em agosto de 2024, que ingeriram cajus envenenados. A mãe dos três segue internada.
Entenda o caso
O caso de envenenamento recente de uma família, na Parnaíba, no litoral do Piauí, que levou às mortes de um adolescente de 17 anos, um bebê de 1 ano e 8 meses e uma menina de 3 anos, reabriu o inquérito referente ao falecimento de duas crianças, de 7 e 8 anos (foto em destaque), da mesma família, também envenenadas em agosto de 2024.
O delegado responsável pelo caso, Abimael Boxe, informou ao Metrópoles que “hoje vamos começar a reinquirições do caso anterior. Verifica-se que há um modus operandi idêntico nos dois casos”. A investigação aponta o padrasto das crianças como o principal suspeito dos dois envenenamentos.
“Sobre o inquérito anterior, nós vamos realizar novas diligências, mas já sabemos que, ao contrário do que havia sido dito pelo Francisco [padrasto das crianças], ele estava, sim, na casa antes de as crianças apresentarem os primeiros sintomas”, afirmou o delegado.
“A perícia nos cajus saiu apenas recentemente e não identificou a presença de nenhuma substância tóxica”, relatou o delegado.
Solicitação do MP
O Ministério Público do Piauí confirmou ao Metrópoles que solicitou a revogação da prisão da vizinha Lucélia na última sexta-feira (10/1) e que “no momento, o órgão aguarda a apreciação do pedido pela Justiça”.
À época do crime, a Polícia Civil recolheu relatos de testemunhas que disseram que Lucélia tinha conflitos com vizinhos e que outros animais já haviam sido envenenados pela mulher.
Segundo a Polícia Civil do Piauí, as pessoas envenenadas em janeiro são:
- Manoel Leandro da Silva, de 18 anos (enteado de Francisca Maria) – morto;
- Igno Davi da Silva, de 1 ano e 8 meses (filho de Francisca Maria) – morto;
- Lauane da Silva, de 3 anos (filha de Francisca Maria e irmã de Igno Davi) – morta;
- Francisca Maria da Silva, de 32 anos (mãe de Lauane e Igno Davi e irmã de Manoel) – morta;
- Uma menina de quatro anos (filha de Francisca Maria e irmã de Lauane e Igno Davi) – internada em Teresina;
- Uma adolescente de 17 anos (irmã de Manoel) – recebeu alta;
- Maria Jocilene da Silva, de 32 anos (vizinha) – recebeu alta;
- Um menino de 11 anos (filho de Maria Jocilene) – recebeu alta.