“Arma é para matar”, diz irmã de vítima do massacre em Suzano
Aparecida Cristina Oliveira esteve na escola Raul Brasil nesta segunda-feira (18/3) em busca de atendimento psicológico
atualizado
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Enviado especial a Suzano (SP) – Em um depoimento emocionado, a funcionária pública Aparecida Cristina Oliveira, que perdeu a irmã Eliana Regina de Oliveira Xavier, 38 anos, no massacre da Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), criticou o uso de armas. Na última quarta-feira (13/3), dois ex-estudantes abriram fogo contra alunos e funcionários da instituição.
Aparecida foi à escola na manhã desta segunda-feira (18) em busca de atendimento psicológico. Minutos antes de entrar no local, ela desabafou. “O que queremos é paz e segurança. Não consigo entender como alguém defende o uso de armas, são para matar. Causam o que aconteceu aqui”, lamentou.
Ela espera que a morte da irmã não seja em vão. “A gente sente falta, fica pensando no que houve. Não é fácil superar, mas alguma lição temos que tirar de tudo isso. Tem que ter servido para alguma coisa”, ponderou. Para a funcionária pública, armar a população não vai “livrar ninguém de um assalto”. “Não significa que você estará protegido”, acrescentou.
Decreto
Recentemente, o governo de Jair Bolsonaro (PSL) editou um decreto para flexibilizar a posse de armas de fogo, medida criticada por Aparecida. “Como um governante, um líder, faz isso? Jamais trará bons resultados para o nosso país, o que precisamos é de paz e segurança”, destacou.
Para a funcionária pública, a tragédia de Suzano é fruto de diferentes fatores que agora precisam revistos. “Dizer que ter um policial, câmeras de segurança e detectores de metais evitariam o que aconteceu não basta. Falta segurança, falta amor”, frisou.
No massacre, morreram cinco alunos e duas funcionárias do colégio, além do dono de uma locadora de veículos que fica ao lado da escola. A polícia apontou que um dos assassinos atirou no outro e depois se matou.
Quem eram
Os dois responsáveis pelo massacre, Guilherme Taucci Monteiro, 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, 25, eram ex-alunos do colégio. O crime aconteceu no horário do intervalo, por volta de 9h30, quando boa parte dos estudantes estava fora das salas.
O veículo usado no massacre foi roubado da concessionária do tio de Guilherme, morto antes de os assassinos irem ao colégio. Tanto o comerciante quanto a dupla de executores foram sepultados na última quinta-feira (14), em cerimônias reservadas e acompanhadas por poucos familiares.