Áreas de proteção da Amazônia têm menor desmatamento em 10 anos
Redução é de 36% nos seis primeiros meses do ano, indica dados do Imazon. Ainda assim, no período houve perda de 93 km² de vegetação nativa
atualizado
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O primeiro semestre deste ano registrou o menor número de desmatamento nas unidades de conservação da Amazônia, considerados os últimos 10 anos. Ainda assim, no período houve perda de 93 quilômetros quadrados (km²) de vegetação nativa. Na comparação com o mesmo período de 2023, o número foi 18% menor, com número absoluto de 114 km².
Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Imazon. De 2008 para cá, o ano com maior área perdida foi 2022, totalizando 660 km². No somatório de 2008 a 2024 são 3.833 km².
De 2008 em diante, o ano com menor quantidade desmatada nas unidades de conservação foi 2012, com 26 km². Unidades de conservação são espaços delimitados por lei aos quais são aplicadas medidas restritivas de uso para preservação e, em alguns casos, recuperação da qualidade ambiental.
A unidade de conservação que perdeu mais área foi a Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, no Pará. Lá, o desmatamento atingiu 7 km², o equivalente a 700 campos de futebol. A área desta APA é de 16.923 km² ou mais de dez vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Esta reserva fica sobre os municípios de Altamira e São Félix do Xingu.
Veja onde fica:
Quando o recorte do Imazon é feito sobre os Estados, Acre e Rondônia registraram os maiores índices de desmatamentos nas unidades de conservação. Cada um ficou com três entre as 10 mais desmatadas.
Futuro preocupa
O levantamento do Imazon também observou os dados gerais da Amazônia, e não só os específicos das unidades de conservação.
O acumulado de desmatamento no primeiro semestre deste ano em toda a Amazônia é 36% menor que o do ano anterior, ou 1.220 km² em números absolutos. O resultado é o menor desde 2017. Mesmo reforçando a tendência de queda, o número ainda representa 670 campos de futebol devastados por dia.
O mês de julho deste ano quebra a série de 14 meses de baixa consecutiva no desmatamento. Até o momento, dados do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) indicam aumento de 361 km² para 398 km² no comparativo entre os meses de julho de 2023 e 2024, ou seja, 10% a mais.
O futuro no entanto, é o que mais preocupa. “O período mais seco do calendário do desmatamento ocorre entre os meses de maio a outubro. Historicamente, os valores são mais altos durante esses meses porque o clima propicia a prática do desmatamento”, afirma a pesquisadora do Imazon Larissa Amorim.