Araújo sobre Bolsonaro: “Administração tecnocrática, sem alma e ideal”
Em série de publicações na redes social na manhã deste sábado (1º/5), Araújo disse que o projeto político do presidente foi “transformado”
atualizado
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O ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, exonerado no fim de março pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), teceu críticas à gestão do chefe do Executivo via Twitter. Em uma série de publicações nas redes sociais, na manhã deste sábado (1º/5), Araújo disse que o projeto político de Bolsonaro transformou-se em uma “administração tecnocrática, sem alma nem ideal”.
Ernesto disse que nas eleições de 2018 o povo brasileiro teve chance de transformar o país em uma “verdadeira democracia”, com a escolha de Bolsonaro para a liderança do país. No entanto, o ex-ministro avalia que, em 2020, com a pandemia, a “esperança” foi “desmantelada”.
Um governo popular, audaz e visionário foi-se transformando numa administração tecnocrática sem alma nem ideal. Penhoraram o coração do povo ao sistema. O projeto de construir uma grande nação minguou no projeto de construir uma base parlamentar.
— Ernesto Araújo (@ernestofaraujo) May 1, 2021
“Angústia e inconformidade”
Araújo continuou a declaração, afirmando que assistiu a “mudança” no governo Bolsonaro com “angústia e inconformidade”. “Fiz o que pude, até onde pude, para preservar a visão original. Nisso estive quase sozinho. Vi confiscarem ao Presidente seu sonho, anularem suas convicções, abafarem sua chama”, disse.
O ex-ministro disse que reformas governamentais são indiferentes caso a “essência do sistema” não seja “combatida”. Por fim, Araújo pediu que o povo brasileiro pressione o presidente para que ele volte a ser o mesmo “eleito em 2018”.
“Hoje o povo brasileiro tem a oportunidade de recuperar sua esperança, ao pedir ao PR Bolsonaro simplesmente que ele volte a ser o presidente eleito em 2018, aquele que prometeu derrotar o sistema, o líder de uma transformação histórica e constitucional, o portador de uma missão”, disse.
Assisti a esse processo com angústia e inconformidade, e fiz o que pude, até onde pude, para preservar a visão original. Nisso estive quase sozinho. Vi confiscarem ao Presidente seu sonho, anularem suas convicções, abafarem sua chama. (Não deixei que abafassem a minha.)
— Ernesto Araújo (@ernestofaraujo) May 1, 2021
Demissão
O pedido de demissão ocorreu em 29 de março, após Ernesto Araújo não ter resistido às pressões de líderes do Congresso, que reclamavam do desempenho do Ministério das Relações Exteriores durante a pandemia de Covid-19.
Após ser duramente criticado pelos embates diplomáticos com a China, e pela incapacidade de conseguir desfecho mais rápido nas negociações para a compra de insumos médico-hospitalares com alguns países, como a Índia, Araújo não conseguiu resistir à cobrança dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).