Araçatuba: rapaz que perdeu pés em explosão cuidava da mãe e sofre com dores
O servente de pedreiro Cleiton Teixeira, de 25 anos, segue internado após ser vítima de uma bomba deixada por criminosos na cidade paulista
atualizado
Compartilhar notícia
O servente de pedreiro Cleiton Alexandro Teixeira, de 25 anos, segue internado na Santa Casa de Araçatuba após ter os dois pés e parte da mão esquerda amputados. Ele foi vítima de um explosivo deixado na rua por criminosos do bando que aterrorizou a cidade, no interior de São Paulo, com um mega-assalto na madrugada de segunda-feira (27/8) que resultou em três mortes.
Ele ainda tenta entender o que aconteceu. Sua maior preocupação é saber como poderá voltar a trabalhar para continuar cuidando da mãe. Único filho solteiro, Cleiton mora com Neusa Soares de Souza, 52 anos, que não pode trabalhar devido aos problemas de diabetes e hipertensão.
O rapaz ainda não pode receber visitas no hospital e usa o celular de um paciente internado no mesmo quarto para se comunicar com a família. Nesta quarta-feira (1º/9), o jovem telefonou chorando para seu irmão, Kleber Alberes Soares Teixeira, a fim de se saber se ele iria ajudá-lo a conseguir uma cadeira de rodas.
A família
Kleber está desempregado e deverá assumir a responsabilidade de ajudar a mãe e do irmão, até sua recuperação e adaptação. A família lançou uma vaquinha virtual com o objetivo de arrecadar R$ 15 mil para utilizar quando Cleiton receber alta. A prioridade será adaptar a casa, além de criar reserva para outras necessidades.
A irmã caçula de Cleiton, Jéssica, de 23, também está desempregada e pretende auxiliar a família. “No telefone, ele só fica perguntando como irá trabalhar para cuidar da nossa mãe. Deve estar sentindo muita dor. Às vezes, estamos conversando, e ouço ele gritar e gemer”, relatou.
Ela disse que o estado de saúde de sua mãe acabou piorando em virtude do acontecimento, com crises de hipertensão. “Tiramos o celular dela, porque estão circulando fotos e vídeos do meu irmão ferido, fora as piadas de mau gosto e comentários, inclusive dando meu irmão como morto.”
A explosão
Jéssica contou que, na noite de domingo (29/8), seu irmão estava na residência de uma prima, que o chamou para jantar. Ele voltava para casa de bicicleta, quando passou pelo centro de Araçatuba, onde havia acabado de acontecer o ataque dos criminosos, que deixaram dezenas de dinamites espalhadas pelas ruas.
Ao passar perto de um dos artefatos, no cruzamento das ruas Duque de Caxias e General Osório, ocorreu a explosão. O jovem relatou aos familiares que circulava ao lado do artefato, tentando pegar seu próprio celular do bolso, quando acabou surpreendido pelo estouro.
A autônoma Michele de Oliveira, 23, presenciou o exato momento do ocorrido. “Ele estava distante uns cinco passos da bomba quando passou e houve a explosão. Eu vi quando ele foi arremessado com a bicicleta. Estão dizendo que ele foi mexer na dinamite, mas eu vi, ele nem relou”, conta.
Quadro clínico
Segundo a Santa Casa, em nota oficial desta quarta-feira (1º/9), Cleiton segue internado com quadro clínico estável após cirurgia para correção das áreas atingidas pela amputação traumática. Com a recuperação, não houve necessidade de amputação dos dedos da mão direita. Também foi realizado procedimento para retirada de estilhaços, principalmente nas pernas.