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Ar condicionado de alojamento do CT tinha “gambiarra”, diz depoimento

Reportagem da TV Globo teve acesso ao conteúdo falado por uma das vítimas de incêndio à Polícia, revelando condições da instalação

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CT do flamengo, incêndio
1 de 1 CT do flamengo, incêndio - Foto: REGINALDO PIMENTA/RAW IMAGE/ESTADÃO CONTEÚDO

Uma reportagem veiculada na noite deste domingo (10/2) pelo programa Fantástico, da TV Globo, informou que um dos sobreviventes do incêndio que matou 10 garotos no Centro de Treinamento do Flamengo, o Ninho do Urubu, no Rio de Janeiro) afirmou em seu depoimento aos investigadores da Polícia Civil que havia uma espécie de “gambiarra” em um dos aparelhos de ar-condicionado do alojamento em que viviam – seis contêineres transformados em dormitórios e que ficavam em uma parte do local que deveria ser um estacionamento.

Ainda na noite deste domingo, o portal do jornal O Globo noticiou que uma análise preliminar constatou que as chamas tiveram início a partir de um curto-circuito no ar-condicionado do alojamento seis – ainda não há a certeza de que os aparelhos citados por Fantástico e pelo site são os mesmos.

De acordo com o sobrevivente da tragédia, o aparelho de ar-condicionado seria menor do que o buraco na parede. O espaço que sobrou teria sido preenchido com pedaços de madeira, plástico bolha e espuma. O programa procurou um especialista em segurança para comentar a reportagem. Moacyr Duarte, afirmou que isso pode ter contribuído para que o ar entrasse por frestas na parede e alimentasse as chamas.

“Esse tipo de ar-condicionado tem a parte do condensador fora do ambiente, ele passa exatamente sobre o sanduíche do material isolante. Temos um acabamento padrão de alumínio, que tem característica de resistência de passagem de calor. Se não houvesse isso ou se tiver a possibilidade da chama gerada entrar em contato com o material que está dentro do sanduíche, o que vai acontecer é que vai estabelecer uma queima semelhante a um forno de carvão. Ou seja, uma queima com muito pouco ar”, contou.

“À medida que vai tendo a evolução da linha de queima para cima, você vai puxando o ar pelas frestas. Isso vai alimentando aquela combustão lenta até que, quando chegar na extremidade da junção de placa, o próprio calor gerado começa a dilatar as frestas e o ar entra”, prosseguiu o especialista.

Nos contêineres onde os atletas do Flamengo viviam, as paredes eram feitas com duas chapas de metal e o espaço entre elas é preenchido com espuma de poliuretano, que, em tese, deveria funcionar como isolante térmico e cáustico. Em nota oficial enviada ao Estado na tarde deste domingo, 10, o clube carioca afirma que “os contêineres que incendiaram na sexta-feira no CT do clube não continham material que favorecesse a propagação de chamas”, já que o material usado entre as placas de metal das paredes do dormitório possuiriam “característica auto-extinguível”.

Contudo, ao entrar em contato com o fogo, o poliuretano provoca fumaça e libera gás cianeto, substância extremamente tóxica, que provoca asfixia química e morte em quem o inala. Os sobreviventes afirmaram aos investigadores que tiveram muita dificuldade para acordar e para despertar os outros atletas e sentiam-se como se estivesse desmaiados.

Monitores
Outro problema apontado pelo programa foi que havia apenas um monitor de plantão para tomar conta dos 24 jovens que dormiam no local. O Conselho Nacional da Criança e do Adolescente prevê que é necessário um tutor para cada dez menores. Além disso, a legislação exige a presença de uma equipe noturna acordada e atenta a eventuais problemas.

Mortos identificados
Todos os 10 garotos mortos na tragédia foram identificados. Veja quem são os meninos:

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Athila Paixão, 15 anos, natural de Lagarto (SE). O garoto era atacante e começou treinando na escolinha Geração Futuro, na cidade de Lagarto. Ele viajou ao Rio de Janeiro para fazer testes no Flamengo no dia 28 de março de 2018. Em 9 de abril, recebeu a notícia de que foi aprovado nos testes e ficou no clube carioca
Arthur Vinicius jogava nas categorias de base da equipe. Ele faria 15 anos neste sábado (9/2) e queria comemorar seu aniversário em casa, com a família. O adolescente era de Volta Redonda e morava com a mãe e a tia no bairro Volta Grande. No Flamengo, atuava como zagueiro há três anos. Sobrinho do meia Andinho, que jogou pelo Volta Redonda, o adolescente, no ano passado, foi convocado para a Seleção Brasileira Sub-15
Bernardo Pisetta, 14 anos, nasceu em Indaial, no Vale do Itajaí. Bernardo era goleiro e estreou na base do Flamengo em agosto de 2018. Antes do time carioca, o adolescente  jogou no Athletico-PR e em diversas equipes de futsal do Vale do Itajaí
Vitor Isaías, 15 anos, nasceu em Florianópolis. Na categoria de base rubro-negra desde agosto do ano passado, o jovem começou como atleta no futsal da Associação dos Pais e Atletas de Futsal (Apaff), de Florianópolis. Em 2014, foi campeão e artilheiro da Copa Catarinense Sub-11
Pablo Henrique da Silva Matos, 14 anos, era primo do zagueiro Werley, do Vasco. No Flamengo, atuava como zagueiro na categoria de base. Ele era natural de Oliveira, no centro-oeste de Minas. Em nota, a Câmara Municipal de Oliveira lamentou a morte de Pablo Henrique: “O adolescente era mais uma promessa do futebol oliveirense, mas infelizmente teve sua trajetória interrompida na manhã desta sexta-feira”
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Todos os meninos da categoria de base do Flamengo cujas vidas foram ceifadas no incêndio

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Athila Paixão, 15 anos, natural de Lagarto (SE). O garoto era atacante e começou treinando na escolinha Geração Futuro, na cidade de Lagarto. Ele viajou ao Rio de Janeiro para fazer testes no Flamengo no dia 28 de março de 2018. Em 9 de abril, recebeu a notícia de que foi aprovado nos testes e ficou no clube carioca

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Arthur Vinicius jogava nas categorias de base da equipe. Ele faria 15 anos neste sábado (9/2) e queria comemorar seu aniversário em casa, com a família. O adolescente era de Volta Redonda e morava com a mãe e a tia no bairro Volta Grande. No Flamengo, atuava como zagueiro há três anos. Sobrinho do meia Andinho, que jogou pelo Volta Redonda, o adolescente, no ano passado, foi convocado para a Seleção Brasileira Sub-15

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Bernardo Pisetta, 14 anos, nasceu em Indaial, no Vale do Itajaí. Bernardo era goleiro e estreou na base do Flamengo em agosto de 2018. Antes do time carioca, o adolescente jogou no Athletico-PR e em diversas equipes de futsal do Vale do Itajaí

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Vitor Isaías, 15 anos, nasceu em Florianópolis. Na categoria de base rubro-negra desde agosto do ano passado, o jovem começou como atleta no futsal da Associação dos Pais e Atletas de Futsal (Apaff), de Florianópolis. Em 2014, foi campeão e artilheiro da Copa Catarinense Sub-11

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Pablo Henrique da Silva Matos, 14 anos, era primo do zagueiro Werley, do Vasco. No Flamengo, atuava como zagueiro na categoria de base. Ele era natural de Oliveira, no centro-oeste de Minas. Em nota, a Câmara Municipal de Oliveira lamentou a morte de Pablo Henrique: “O adolescente era mais uma promessa do futebol oliveirense, mas infelizmente teve sua trajetória interrompida na manhã desta sexta-feira”

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Christian Esmério, 15 anos, era goleiro das categorias de base do Flamengo. Ele era uma das maiores promessas desta geração para a Seleção Brasileira. O goleiro adolescente chegou a ser convocado para a seleção diversas vezes em sua categoria, a Sub-20, e já estava sendo cobiçado por clubes do exterior. Em sua conta no Twitter, ele postou fotos dos treinos com a seleção na Granja Comary, em Teresópolis (RJ)

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Jorge Eduardo era natural de Além Paraíba (MG) e vestia a camisa 5. O adolescente, que atuava como volante, começou a jogar futebol aos 7 anos, no Democrata de Além Paraíba, projeto mantido pela Associação de Pais e Amigos do clube. Ele chegou em 2016, aos 12 anos, às categorias de base do Flamengo. Era um dos líderes e capitão da equipe campeã carioca Sub-15 em 2018. Neste ano, começaria na categoria Sub-16

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Samuel Thomas Rosa era lateral-direito do Flamengo e, atuando nessa posição, foi campeão carioca Sub-15 com a equipe em 2018. Sua família era natural de São João de Meriti, na região metropolitana do Rio de Janeiro

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Gedson Santos, 14 anos, nasceu na cidade de Itararé, no interior de São Paulo. Ele começou jogando nas categorias de base do Athletico Paranaense, onde ficou até o ano passado. Em 2017, foi campeão da Taça Curitiba na categoria Sub-15

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Rykelmo de Souza Viana tinha 16 anos e era natural de Limeira, cidade no interior de São Paulo. Ele jogou pelo time de sua cidade natal, o Limeira Futebol Clube, e destacou-se no Campeonato Paulista antes de chegar ao Flamengo. Foi campeão estadual Sub-16 em 2018

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