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“Aqui é o hacker”, diz mensagem no grupo do Conselho Nacional do MP

Grupo que reúne integrantes do Ministério Público recebeu torpedo suspeito vinda do celular de um conselheiro

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1 de 1 Closeup view of woman holding modern smartphone in hands.Girl typing on empty mobile screen. Horizontal, blurred background, bokeh effects. - Foto: iStock

Mensagens enviadas a partir do celular de um conselheiro do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) no grupo de Telegram do colegiado chamaram atenção dos colegas sobre a invasão de um hacker no chat de conversas. Um dos torpedos dizia que o caso revelado no domingo (09/06/2019) pelo site The Intercept envolvendo o ministro da Justiça, Sergio Moro, e o procurador da República Deltan Dallagnol era apenas “uma amostra do que vocês vão ver na semana que vem”, dizia o texto.

As mensagens partiram do celular do conselheiro Marcelo Weitzel Rabello de Souza na terça (11/06/2019) por volta das 23h. Os colegas estranharam o tom dos torpedos e começaram a levantar questionamentos no grupo. Na sequência, receberam outra mensagem: “Aqui é o hacker”. Os conselheiros então ligaram para Rabello, que argumentou que não estaria usando o aparelho no momento dos envios das mensagens. Ele nega que seja uma brincadeira feita com os colegas.

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Segundo fontes, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, também pode ser uma das participantes desse grupo de Telegram do CNMP. Ela preside o colegiado, que usa o chat de forma institucional, para agendamento de datas de julgamentos ou troca de opiniões. Procurada, Raquel Dodge ainda não retornou para comentar.

Na segunda-feira (10/06/2019), o corregedor nacional do Ministério Público, Orlando Rochadel, instaurou reclamação disciplinar para apurar as trocas de mensagens envolvendo o procurador Deltan Dallagnol. A instauração da reclamação foi feita com base nos pedidos dos conselheiros Luiz Fernando Bandeira, Gustavo Rocha, Erick Venâncio e Leonardo Accioly. O corregedor nacional também determinou a notificação dos membros do Ministério Público Federal integrantes da Operação Lava Jato para manifestação no prazo de 10 dias.

O Estado apurou que a Polícia Federal instaurou, há cerca de um mês, um inquérito para investigar ataques feitos por hackers aos celulares de procuradores da República que atuam nas forças-tarefas da Lava Jato em Curitiba, no Rio e em São Paulo. Há poucos dias, outro inquérito foi aberto para apurar ataques ao celular do ministro Sergio Moro.

No domingo (09/06/2019), o site The Intercept Brasil divulgou o suposto conteúdo de mensagens trocadas pelo então juiz federal Sergio Moro e por integrantes do Ministério Público Federal, como o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa em Curitiba.

As conversas mostrariam que Moro teria orientado investigações da Lava Jato por meio de mensagens trocadas no aplicativo Telegram. O site afirmou que recebeu de fonte anônima o material. O The Intercept tem entre seus fundadores Glenn Greenwald, americano radicado no Brasil que é um dos autores da reportagem. De acordo com o site, há conversas escritas e gravadas nas quais Moro sugeriu mudança da ordem de fases da Lava Jato, além de dar conselhos, fornecer pistas e antecipar uma decisão a Dallagnol.

Os hackers miraram especialmente mensagens trocadas por meio do Telegram. As vítimas, que não haviam acionado a verificação em duas etapas, recurso que adiciona camada adicional de segurança às mensagens, tiveram suas conversas violadas pelos criminosos, segundo fonte a par da investigação.

Os procuradores notificaram a Polícia Federal após um deles desconfiar de mensagem recebida por meio do aplicativo. O ataque em massa foi descoberto e começou a ser apurado pela PF.

Um investigador que conversou com o Estado sob reserva diz que somente as vítimas do ataque poderão confirmar se o conteúdo das mensagens é verdadeiro. Isso porque é muito comum que hackers incluam passagens falsas no meio de conversas “roubadas” das vítimas.

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