Apuração sobre enfermeira suspeita de burlar vacina vai até fim do mês
Ministério Público de Goiás quer cruzar informações das imagens e de depoimentos antes de concluir a investigação, até o fim de fevereiro
atualizado
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Goiânia – Alvo de investigação, após ser flagrada em vídeo supostamente fingindo aplicar vacina contra a Covid-19 em idosa em Goiânia, uma enfermeira terá o depoimento analisado por peritos em conjunto com as imagens gravadas. O Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) informou ao Metrópoles, nesta quarta-feira (17/2), que a investigação será concluída no fim do mês.
A perícia pretende identificar a verdadeira intenção da profissional no momento do episódio. Em vídeo que viralizou, a enfermeira, cuja identidade é preservada porque a investigação corre em sigilo, aparece colocando a seringa no braço da idosa, de 88 anos. Porém, não pressiona o êmbolo para injetar o líquido. A profissional foi afastada.
A promotora de Justiça Marlene Nunes Freitas Bueno contou que o objetivo da perícia do MPGO é analisar toda a situação para não haver qualquer tipo de dúvida. “
Nas próximas diligências, vamos fazer encontro dessas informações e pretendemos que peritos façam parecer técnico das imagens, do movimento [no drive-thru], das circunstâncias físicas e do local, em geral”, antecipou a promotora.
“Circunstâncias pesaram”
Nesta quarta, a promotora também repassou ao portal mais detalhes do depoimento da enfermeira, prestado na sexta-feira (12/2). “A profissional disse que ficou bastante aborrecida e abalada, mas afirmou que não sabe dizer o que ocorreu naquele momento”, contou a representante do MPGO.
“Ela disse que só viu o que se passou quando foi alertada que o líquido não havia sido injetado”, afirmou Marlene.
Segundo a promotora, a enfermeira afirmou que as circunstâncias da vacinação pesaram para ela, como a movimentação [no drive-thru]. “Também relatou leve desconforto físico, mas disse que não saberia afirmar exatamente o que ocorreu naquele momento para não ter havido a injeção”.
Mais colegas de trabalho da enfermeira serão ouvidos nesta quarta pela promotoria. Além da enfermeira, a filha da idosa e uma profissional que também trabalhava na vacinação de idosos no momento do episódio já prestaram depoimento na semana passada.
Vida vasculhada
De acordo com a promotora, a enfermeira se dispôs a enviar a biografia profissional dela com documentos comprobatórios, especificando locais em que já trabalhou. A investigação também analisa informações sobre documentos fiscais e bancárias entregues pela enfermeira ao MPGO.
“Nesta atual fase da investigação, não identificamos elementos indiciários de conduta criminosa. Temos que prosseguir até o final para que possamos obter todas as informações necessárias”, destacou a promotora de Justiça.
A enfermeira pode ser denunciada por peculato, caso seja comprovada a intenção dela de não fazer a vacinação na idosa para desviar o frasco em proveito próprio ou de terceiros, em razão de sua condição de funcionário público.
“Erro involuntário”
Em nota enviada ao Metrópoles, a SMS informou que “tudo indica que a enfermeira cometeu um erro involuntário”. A pasta disse que, mesmo assim, solicitou o afastamento dela da equipe de vacinação. Esclarece ainda que acompanha a apuração do MPGO, apesar de a enfermeira não ser servidora do município.
A secretaria também disse ter repassado à promotoria todas as informações solicitadas e continua à disposição para qualquer esclarecimento. A pasta informou que segue todos os protocolos de vacinação preconizados pelo Ministério da Saúde e que tem se empenhado na vacinação da população contra a Covid-19 na capital.