Aprenda a investir nos fundos imobiliários, que conquistaram os brasileiros na pandemia
A B3 revelou que o número de investidores pessoa física nesses fundos atingiu a marca histórica de 1,57 milhão
atualizado
Compartilhar notícia
O fundo imobiliário está crescendo exponencialmente no país. De acordo com o boletim da B3, o número de pessoas físicas nesses aplicando nesse tipo de investimento atingiu a marca histórica em setembro de 2020, com 1,57 milhão de inscritos. Em dezembro de 2019, essa carteira registrava 632,6 mil investidores.
Segundo Rodrigo Franchini sócio da Monte Bravo Investimentos esse recorde se dá pelos juros baixos: “Com esse fator, o investidor pode ter um retorno mais interessante. Ele vai buscar outras alternativas mais atrativas, nesse caso, ativos mais voláteis”.
Marcela Pedreiro especialista em Direito Empresarial e Compliance avalia que a pandemia fez o padrão de consumo mudar muito. “Agora, o brasileiro pensa duas vezes antes de sair comprando. Muita gente está desempregada e quem recebeu algum beneficio do estado está pensando em como aplicar o dinheiro daqui para frente”, diz a especialista.
Perfil da pessoa que investe no fundo imobiliário
Para quem deseja entrar no ramo, Franchini explica: “O fundo imobiliário é para um perfil mais moderado/agressivo, você precisa saber que essa aplicação oscila muito, não é para todos os investidores”.
O sócio da Monte Bravo Investimentos diz ainda que as pessoas inscritas no fundo imobiliário são de meia idade para cima, com conhecimento melhor sobre o mercado, “A maioria dos meus clientes tinha 70% do seu dinheiro em renda fixa e agora sentem segurança para diversificar a carteira”, diz Franchini.
É o caso do advogado, empresarial, Fábio Castro, de 40 anos, que já investia na poupança, tesouro Selic e de um ano para cá decidiu partir para o fundo imobiliário. De acordo com ele, a iniciativa de mudar de rumo foi motivada pelos juros baixos. “Queria comprar imóveis, mas eu não tenho tempo para administrar esse tipo de bem e nem pretendo gastar meu dinheiro com taxas de administração como o IPTU. Agora, com o fundo imobiliário eu invisto, mas há alguém para administrá-los”.
“Outro ponto interessante é que além dos investimentos, todo mês recebo os dividendos”, comenta o advogado.
Como funciona?
“O fundo imobiliário funciona como um condomínio: vários aplicadores por um bem comum, que pode ser a compra de um ou vários ativos. Hoje, esse tipo de investimento não se resume a prédios, há um leque de opções como compra de fazendas, galpões logísticos, shoppings e até mesmo os terrenos habitacionais”, ressalta Franchini. Para o especialista, é interessante que o investidor escolha um ramo da economia com o qual mais se identifica (como varejo ou agricultura).
“Decidi investir no setor de agricultura, por me parecer bem interessante e lucrativo, percebi que principalmente no cenário da pandemia, o ramo não parou, pelo contrário, foi um que teve grande rentabilidade”, diz Fábio Castro.
Dicas
Marcela Pedreiro afirma que o interessante é buscar empresas mais independentes do que os bancos regulares: “Essas operadoras conseguem oferecer um leque de carteiras maior para o cliente”.
Para a especialista, também é importante ficar sempre atento às taxas de juros, ao desempenho desses fundos e ao histórico das empresas. O investidor deve ainda perceber se o ramo do fundo tem muita flutuação, se é muito arriscado ou não. “É necessário se atentar nos pequenos detalhes, ler as pequenas linhas”, diz Marcela Pedreiro.
Rodrigo Franchini listou três passos necessários para se investir em fundos imobiliários:
1 ° – Atenção nos prazos
O fundo imobiliário é volátil. É importante ter um dinheiro reserva para usar durante as oscilações e pensar em médio prazo.
2° – Perceber o setor
Além de escolher um setor no qual você se identifique é importante perceber se ele está indo bem. Exemplo: quer investir em um imóvel de varejo, como um shopping? Então investigue se o comércio está indo bem, se está lucrando. É legal se perguntar.
3° – Escolher gestores
É importante entender no que você está investindo, estudar sobre o assunto, escolher gestores, de preferencia que estão no mercado a mais tempo.
O futuro
Os especialistas são otimistas para o futuro desse tipo de investimento. “É uma excelente decisão. Você tem um movimento de juros muito baixo. O brasileiro também está aprendendo outras maneiras de aplicar a renda. Vejo esse crescimento no fundo imobiliário como movimento natural, também percebo que a oferta desses fundos vai crescer. Veja se em um ano difícil como este, tivemos recorde, imagina quando o país votar a crescer”, avalia Franchini.