Apreensão de cigarros eletrônicos sobe 25% e chega a 1,3 milhão
Principal rota de entrada dos dispositivos é terrestre, pelo Sul do Brasil. Valor total do que foi recolhido em 2023 é de R$ 61,2 milhões
atualizado
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As apreensões de cigarros eletrônicos pela Receita Federal (RF) aumentaram 24,9% em 2023, em relação ao ano anterior, e chegaram a 1.367.719 unidades recolhidas. A carga total é estimada em R$ 61,2 milhões, informa o órgão.
Autoridades públicas tentam frear o consumo de cigarro eletrônico no Brasil. No último dia 19, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) manteve a proibição destes dispositivos no país.
Desde 2019, o aumento nas apreensões de cigarros eletrônicos tem sido constante, conforme dados obtidos pelo Metrópoles junto à Receita Federal (veja quadro). Em 2019, foram recolhidas 22.924 unidades. No ano seguinte, esse número aumentou para 30.093, alta de 31%.
Em 2021, houve o maior salto: 450.704 cigarros foram apreendidos, aumento de 1.397% com relação a 2020. Já em 2022, as apreensões mais que dobraram (143%), se comparado ao ano anterior, e chegaram a 1.094.622.
O montante retirado de circulação pela Receita Federal, de 2019 a 2023, é de R$ 134,3 milhões. O número foi crescendo ano a ano, começando em R$ 1,9 milhão, em 2019. No início da pandemia, em 2020, o valor estimado do que foi apreendido totalizava R$ 2,2 milhões, e chegou a R$ 17,9 milhões, em 2021. Em 2022, o prejuízo para os contrabandistas foi de R$ 50,9 milhões. O recorde foi no ano passado: R$ 61,2 milhões.
O Paraná lidera em quantidade de apreensões. Em 2023, foram recolhidos 618,2 mil cigarros eletrônicos no estado. Na sequência, aparecem Mato Grosso do Sul (363,9 mil), São Paulo (135,7 mil), Santa Catarina (133,3 mil) e Goiás (25,1 mil).
A parte sul do continente é a porta de entrada dos cigarros eletrônicos na América do Sul. No Brasil, os aparelhos entram, principalmente, pelas fronteiras com a Argentina, o Paraguai e o Uruguai. “As apreensões ocorrem em todos os modais, mas especialmente no modal terrestre”, esclarece a Receita Federal.
Doenças
Presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Margareth Dalcolmo explica que os principais danos à saúde causados pelos cigarros eletrônicos são para o aparelho respiratório.
“Estamos vendo hoje a criação de uma nova legião de pacientes com doenças pulmonares crônicas como câncer. Inclusive, daqui a 10, 15 anos, se não houver um desaparecimento desta invenção tão infeliz [cigarro eletrônico], nós teremos uma legião de pacientes apresentando câncer e enfisema pulmonar aos 30 anos em vez de aos 70”, alerta.
A especialista entende que só a resolução da Anvisa não será suficiente para reverter o cenário. “(A medida) tem de ser seguida de uma adesão muito grande, eu diria coletiva, de todo o setor médico, de saúde e educação, para que as faixas etárias de jovens e crianças sejam sensibilizadas de que isto é muito ruim”, frisa Margareth.