Após sentença, familiares de vítimas da Boate Kiss fazem homenagens
Associações de familiares das vítimas acompanharam os 10 dias de julgamento e, ao final do processo, comemoraram o resultado
atualizado
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Após a condenação dos quatro réus processados pela tragédia da Boate Kiss, em Santa Maria (RS), familiares e amigos dos 242 mortos e das mais de 600 outras vítimas prestaram homenagens.
O julgamento teve duração de 10 dias, e ocorreu no Foro Central de Porto Alegre. No fim de sexta-feira (10/12), jurados decidiram que os quatro acusados são culpados. As penas vão de 18 a 22 anos de prisão.
Associações de familiares das vítimas acompanharam os 10 dias de julgamento e, ao final do processo, comemoraram o resultado. Integrantes do grupo Kiss, Que Não se Repita compareceram ao local. Eles levaram um banner com a frase “242 motivos para exigir justiça” e os nomes de todos os mortos na tragédia.
Além disso, nas redes sociais, membros da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) compartilharam imagens emocionantes feitas após o julgamento.
Integrantes do grupo se abraçaram e fizeram um círculo, de mãos dadas. Os nomes de todas as vítimas foram recitados em seguida. “Nesses quase 9 anos, enfim um abraço menos dolorido”, comentou um membro da associação, nas redes sociais.
“A justiça foi feita. Porém, o vazio deixado pelas 242 vítimas nunca será esquecido pelas famílias. Força!”, escreveu outro participante do grupo.
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Pena
Os quatro réus foram julgados no Rio Grande do Sul por 242 homicídios consumados e 636 tentativas.
São eles Elissandro Callegaro Spohr, o Kiko, 38 anos, sócio da boate, condenado a 22 anos e seis meses de prisão; Mauro Lodeiro Hoffmann, 56 anos, também sócio da casa, condenado a 19 anos e seis meses; Marcelo de Jesus dos Santos, 41 anos, integrante da banda Gurizada Fandangueira; e Luciano Augusto Bonilha Leão, 44 anos, produtor musical da banda; ambos condenados a 18 anos de reclusão.
Tragédia deixou 242 mortos e mais de 600 feridos
Casa noturna tradicional de Santa Maria, cidade de quase 300 mil habitantes no interior do Rio Grande do Sul, a Boate Kiss recebeu centenas de jovens em 27 de janeiro de 2013. Estavam previstos dois shows ao vivo.
O primeiro, de uma banda de rock, aconteceu normalmente. Depois, foi a vez da Gurizada Fandangueira. A casa tinha capacidade oficial para 690 pessoas e estava superlotada: tinha entre 800 e mil pessoas.
O guitarrista da banda, Rodrigo Lemos, relatou que o fogo começou depois que um sinalizador foi aceso. Ele disse que os colegas de banda logo tentaram apagar o incêndio, mas que o extintor não teria funcionado. Um dos integrantes da banda, o gaiteiro Danilo Jaques, morreu no local.
Naquela trágica noite, as faíscas do sinalizador atingiram o teto revestido de uma espuma que servia como isolamento acústico. Em pouco tempo, o fogo se espalhou pela pista de dança e logo tomou todo o interior da boate. De acordo com os bombeiros, a fumaça altamente tóxica e de cheiro forte provocou pânico. Aí começou a tragédia.
Ainda sem saberem do que se tratava, seguranças tentaram impedir a saída antes do pagamento.