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Após reunião no Planalto, caminhoneiros se dividem sobre fim da greve

Alguns representantes da categoria aceitaram pedido de trégua pelo governo, enquanto outro grupo defende manutenção do protesto

atualizado

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greve dos caminhoneiros
1 de 1 greve dos caminhoneiros - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Após reunião no Palácio do Planalto na tarde desta quinta-feira (24/5), o movimento dos caminhoneiros grevistas sofreu um racha. A maioria das entidades participantes do encontro aceitou o pedido do governo para uma trégua na paralisação. No entanto, um grupo capitaneado pela Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) – que diz representar cerca de 700 mil caminhoneiros – rejeitou o pleito e mantém a paralisação.

Após o encontro, conforme pontuou o presidente da Abcam, José da Fonseca Lopes, o grupo ligado à associação manterá a greve até o Senado Federal votar a proposta aprovada nessa quarta (23) na Câmara, que desonerou o imposto PIS/Cofins do óleo diesel.

Estou à frente desse movimento e vou falar para o meu pessoal que não vamos levantar o movimento enquanto esse homem – o presidente do Senado, Eunício Oliveira – não chegar aqui, convocar os senadores, votar e aprovar a lei

José da Fonseca Lopes, presidente da Abcam

Lopes ressaltou que, na reunião de hoje, o governo apenas apresentou um novo pedido de trégua, e não uma proposta. Ainda segundo afirmou o dirigente, ele espera ter o apoio da maior parte dos caminhoneiros envolvidos nos protestos: “A maioria aí dentro [aceitou o pedido de trégua do governo] sim, mas a que está lá fora não. Eles estão aguardando o meu pronunciamento, que é o mesmo de ontem. Só levantamos o movimento depois de assinada e carimbada a lei responsável por revogar dos combustíveis o Pis e a Cofins”.

 

A reunião teve início às 14h e se estendeu até pouco antes das 16h. Participaram do encontro os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha; da Secretaria de Governo, Carlos Marun; dos Transportes, Valter Casimiro; e do Gabinete de Segurança Institucional, general Sérgio Etchegoyen. Estavam presentes ainda integrantes de 10 entidades que representam os caminhoneiros.

Com a falta de entendimento, pelo menos parte da greve, que já se estende por quatro dias, está mantida. Nesta quinta (24), os efeitos da paralisação continuaram a ser sentidos em todo o Brasil. No Distrito Federal, motoristas enfrentaram filas enormes em postos de combustíveis e o litro da gasolina chegou a ser vendido por R$ 9,99.

Há também falta de gás de cozinha, limitações às compras em supermercados e aumento no preço de diversos itens. A batata e o tomate, por exemplo dobraram de preço na Ceasa. No Aeroporto de Brasília, só estão pousando aviões com autonomia de combustível para decolar, tendo em vista que o terminal está em contingenciamento de querosene e só tem estoque até as 17h desta quinta (24).

Antes da entrar para a reunião, o presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos, Diumar Bueno, conversou com jornalistas. Conforme afirmou à imprensa, antes de deflagrar a paralisação, a categoria pediu ao governo que suspendesse os sucessivos reajustes nos combustíveis e iniciasse uma negociação. No entanto, segundo o dirigente, “o governo não teve responsabilidade e respeito e deixou esse movimento acontecer”.

Já quanto à promessa da Petrobras de não reajustar o preço do diesel por 15 dias, anunciada nessa quarta-feira (23), Bueno disse que o prazo “não é garantia nenhuma”, pois “infelizmente a categoria não dá credibilidade a promessas feitas pelo governo”. “Queremos respostas conclusivas e com efeitos imediatos”, afirmou à imprensa.

Congresso Nacional
Sem acordo com o Executivo, a principal esperança dos manifestantes é o Congresso Nacional, que também analisa medidas com o objetivo de dar um fim à paralisação. Na noite de quarta (23), a Câmara aprovou uma proposta de desoneração do imposto PIS/Cofins sobre o diesel, maior reivindicação dos caminhoneiros.

Para ser levado à sanção presidencial, o projeto precisa ser votado pelo Senado. O presidente da Casa, Eunício Oliveira (MDB-CE), chegou a viajar nesta quinta (24), mas decidiu retornar a Brasília diante da crise. O parlamentar marcou uma reunião com líderes dos partidos da Casa para as 19h. O governo, no entanto, havia informado não cogitar a desoneração do PIS/Cofins, o que coloca em dúvida a possibilidade de aprovação do documento.

Negociações anteriores
Representantes dos caminhoneiros e do governo federal já haviam participado de uma rodada de negociações na quarta (23). À ocasião, o Executivo pediu uma “trégua” na paralisação para que houvesse uma nova tentativa de acordo, mas o pedido também foi negado.

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