Após relatório sobre urnas, Lula diz que militares foram “humilhados”
Ministério da Defesa divulgou, nessa quarta-feira (9), documento sobre o trabalho feito nas eleições e não indicou fraude no pleito
atualizado
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O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, durante reunião com parlamentares da base aliada nesta quinta-feira (10/11), que a divulgação, por parte do Ministério da Defesa, de um relatório sobre as eleições de 2022 foi “humilhante e deplorável” para as Forças Armadas.
A fala do presidente ocorreu durante a primeira visita do futuro chefe do Executivo federal ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede da transição de governo. No local, Lula se reúne com parlamentares aliados para uma série de reuniões internas.
“Ontem aconteceu uma coisa humilhante, deplorável para as nossas Forças Armadas. O presidente da República não tinha o direito de envolver as Forças Armadas a fazer uma comissão para investigar urnas eletrônicas, coisa que é da sociedade civil, dos partidos políticos e do Congresso Nacional”, argumentou.
A pasta divulgou, às 19h dessa quarta (9), o documento que atesta o trabalho “de fiscalização do sistema eletrônico de votação” feito por militares. O documento não destaca elementos que indiquem possibilidades de fraude no pleito do último dia 30 de outubro, que consagrou a vitória de Lula.
Esta manhã, a pasta publicou uma nova nota informando que “o trabalho dos técnicos militares, embora não tenha apontado, também não excluiu a possibilidade da existência de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022”.
Na visão do próximo chefe do Planalto, o “resultado foi humilhante”. Ele também direcionou críticas ao atual presidente Jair Bolsonaro (PL), e defendeu que atual mandatário “tem obrigação de vir a televisão e pedir desculpas à sociedade brasileira” e aos militares por apresentar um “relatório que não diz nada”.
“Um presidente da República pode errar, mas ele não pode mentir”, completou o petista.
Posicionamento da Defesa
O texto, assinado pelo ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), destaca dois pontos observados pelos especialistas das Forças Armadas. O primeiro é que “foi observado que a ocorrência de acesso à rede, durante a compilação do código-fonte e consequente geração dos programas (códigos binários), pode configurar relevante risco à segurança do processo”.
O segundo, dos testes de funcionalidade, realizados por meio do Teste de Integridade e do Projeto-Piloto com Biometria, para o Ministério da Defesa, “não é possível afirmar que o sistema eletrônico de votação está isento da influência de um eventual código malicioso que possa alterar o seu funcionamento”. Apesar de levantar a suspeita, o documento não diz como o sistema poderia ter o funcionamento alterado ou se isso ocorreu.
Assim, a Defesa sugere que seja realizada uma investigação técnica para melhor conhecimento do ocorrido na compilação do código-fonte e de seus possíveis efeitos; a promoção de análise minuciosa dos códigos binários que efetivamente foram executados nas urnas eletrônicas; além da criação de comissão específica, “integrada por técnicos renomados da sociedade e por técnicos representantes das entidades fiscalizadoras”.