Após recaptura, Dentinho será proibido de trabalhar para evitar fuga
Ao voltar para presídio goiano, bandido responsável por 100 estupros não terá benefício do trabalho; ele foi preso em Belém (PA)
atualizado
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Goiânia – Condenado por mais de 100 estupros em Goiás, Wanderson Alves Carvalho, conhecido como Dentinho, deve ser transferido para o estado ainda nesta segunda-feira (16/5). O homem, que estava foragido havia cinco meses, desde que fugiu do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, em dezembro de 2021, foi recapturado nesse domingo (15/5) em Belém (PA).
De acordo com a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária de Goiás (DGAP-GO), o foragido foi encontrado após uma iniciativa conjunta entre a Polícia Penal do Estado de Goiás e as forças de segurança do Pará. Em coletiva de imprensa, o órgão informou que ele perderá o benefício do trabalho para evitar uma nova fuga.
Condenado a 196 anos de prisão, Wanderson já havia cumprido 17 anos da pena quando fugiu. Ele receberá uma falta disciplinar, com duração de dois anos, que prejudicará sua progressão de pena, segundo a DGAP.
Ainda de acordo com o órgão, Dentinho havia sido escoltado, com outros detentos, pela Guarda Civil Metropolitana para limpar a base do Grupo de Guaritas e Muralhas (GGM), que fica na área externa do complexo e, de lá, pulou o alambrado para fugir, com a ajuda da companheira, que deu suporte logístico e no transporte do preso.
Transferência
Segundo o advogado do acusado, Rodrigo da Silva Santos, ao portal G1, seu cliente se entregou. “Já há quase cinco meses foragido, e sem paradeiro certo, ele temia pela própria vida, e, em contato com o advogado de defesa e familiares, convencemos ele de se entregar e cumprir o restante da pena imposta”, explicou.
Segundo o diretor da DGAP-GO, Josimar Pires, ao se entregar, Dentinho estava acompanhado da companheira. Conforme a explicação dele, as investigações não apontaram se o homem estava trabalhando ou apenas escondido no imóvel em que morava com a namorada, que o ajudou a fugir.
Ao localizarem Dentinho, as equipes policiais cercaram a região e, ao notar que seria preso, o condenado entrou em contato com o advogado e negociou a rendição.
“Ajuda”
Dentinho fugiu do Completo Prisional de Aparecida de Goiânia na noite do dia 17 de dezembro. Era uma sexta-feira. A investigação trabalha com algumas possibilidades, sobretudo com a chance de que possa ter ocorrido alguma “ajuda” por parte de agentes prisionais.
O inquérito sobre o caso foi instaurado, a princípio, no 1º Distrito Policial de Aparecida, que é o responsável imediato pelas ocorrências dentro dos presídios da cidade. As primeiras diligências, no entanto, denotaram a necessidade de um empenho especializado.
Semanas depois de iniciada a investigação, conforme checou o Metrópoles, o caso foi transferido para a Delegacia Estadual de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco). A unidade já foi responsável, no passado, por operações sobre a atuação de agentes prisionais e a articulação de facções no presídio.
História
Dentinho agiu entre 2001 e 2004, em Goiânia e na região metropolitana. Para cometer os estupros, costumava usar uma bicicleta e vestia boné e bermuda. Ele abordava, principalmente, universitárias e a tática era quase sempre a mesma.
O estuprador pedia uma informação na rua e, quando a mulher ia responder, ele a atacava com uma arma. Em seguida, a vítima era levada para uma área baldia, onde ele não só praticava o estupro, mas também roubava pertences, como joias e celulares.
Wanderson chegou a fugir da prisão numa situação anterior, em maio de 2004, em Paraúna (GO), a 160 quilômetros de Goiânia. Nessa fuga, a polícia levou quase um mês para localizá-lo.
Condenado a 196 anos, mas era um “cela livre”
O bandido é considerado um homem perigoso. Ele foi condenado a mais de 196 anos de prisão, por crimes como estupro, violação sexual mediante fraude, porte ilegal de arma de fogo, estupro de vulnerável e outros.
Mesmo diante dessas características, ele conseguiu estabelecer relações e condições favoráveis dentro do presídio. Devido ao tempo preso e ao bom comportamento, ele usufruía de certas regalias.
O estuprador era considerado “cela livre”, ou seja, podia passar o dia todo fora das grades, no pátio interno e com acesso às dependências da unidade prisional. “Até jogava PlayStation com os agentes”, disse ao Metrópoles um servidor do sistema penitenciário, que pediu para não ser identificado.
Ele exercia algumas atividades no interior do Complexo Prisional. Por um tempo, ajudou preparando o lanche dos agentes. Nos meses anteriores à fuga, fazia a limpeza e a jardinagem do Núcleo de Custódia, considerado o presídio de segurança máxima de Goiás.
É nessa unidade que ficam os presos famosos e considerados de alta periculosidade. Foi lá, por exemplo, que ficou preso João Teixeira de Faria, o João de Deus, e onde está Tiago Henrique Gomes da Rocha, que ficou conhecido em 2014, após ser descoberto como o serial killer de Goiânia, responsável pela morte de dezenas de mulheres.
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